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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

PARTE...!


Parte e suaviza a casa em tons de paz

Da tua ausência tão somente.

Parte ainda madrugada

E deixa a manhã chegar perplexa

Da leveza do sossego simplesmente.


Minha poesia irá encontrar o dia ainda preguiçoso

E os passarinhos cantando vivamente,

Como se festejassem também tua partida.

E eu contemplarei o dia alegremente,

E me darei a versejar doçuras,

Como tocasse, embevecido, um violão

E flutuasse e viajasse nos acordes mais bonitos.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

QUADRO SEM COR

 

 Hoje nem cantei de manhã,

Hoje nem vi o sol raiar.

Acho que nem houve manhã

Depois que você me deixou.


Hoje nem falei de esperança,

Hoje nem ouvi melodias

Nem sequer vi rumo a seguir:

Sem você, meu norte perdi.


O dia é estático, imóvel,

É bem como um quadro sem cor,

Sem tom, sem figura ou paisagem:

Meu mundo calou-se e parou.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

FECHA AS PORTAS D'ALMA

 

 Sai às ruas, abre os braços,

Busca a orquestra, a claridade,

Busca o sol que há nas pessoas,

Busca o dia mais bonito

E a vontade de cantar.


Mas me dizes que lá fora

Não tem rua ou claridade,

Se há orquestra, nunca ouviste,

E as pessoas não têm sol.


Então, fica em tua casa,

Te enclausura no teu mundo,

Tranca as portas do teu mundo,

Submerge todo em ti.

MINHA MORTE

 Morri com a cabeça no travesseiro,

Embora preferisse que houvesse acontecido

Numa mesa bem fria de concreto

De uma praça qualquer do fim do mundo 


Entrei na escuridão de minh'alma tão ferida

E ali fiquei  num torpor descomunal.

Não vi fantasmas ou, se acaso os avistei,

Ignorei-os, sem susto e sem temor,

Sentindo a tristeza, sombria, a me enlaçar.


Se morri, me afundei nas tocas fundas

E cavernas escuras do meu coração.

Mas não há céu, inferno, só negror,

A quietude mais silente do sepulcro

Que existe bem dentro aqui de mim.

O AMOR E AS ALMAS


 Não, um deus onipotente não há, não, de haver,

Se as crueldades impunes que grassam no planeta

Não lhe permitiriam nunca ser absolvido.


Não há de haver Deus, mas alminhas pros bichinhos

Que morrem nas queimadas perversas do Brasil.

Há de haver alma pra lagartixinha diminuta

Que matei em minha casa, sem querer.


Há de haver uma alminha para cada cachorrinho

Que brincou e que latiu em minha vida

E se foi, me deixando uma tristeza sem tamanho.


Há de haver almas para meus humanos mortos,

Que me fizeram viver mais o passado que o presente.


Há de haver uma alminha para o grilo que eu ouvi

Cantar dentro de casa toda noite

E um dia encontrei sofrendo pra morrer.


O amor é mais amplamente universal do que se pensa

E se estende também ao seres diminutos.

O amor não aceita, não digere o que é a morte,

Porque o verdadeiro amor nunca se aprende

Nas pregações conformistas de Jesus

Ou de qualquer profeta aqui do mundo:

O amor é bem maior que o Universo,

Que qualquer amor que nos queiram ensinar.

sábado, 12 de outubro de 2024

ALÉM DA FIDELIDADE

 Sei que o amas e admiras,

Mas te peço: dá-te a mim

Como nada mais houvesse,

Como musa apaixonada

Num furor angelical.


Tenho aquela que me encanta,

Mas te quero num afã

De um amante romanesco:

No teu beijo, no teu corpo,

Quero entrar no paraíso.


Vem criar comigo um mundo

Pelo amor todo estrelado.

Vem fazer deste momento

A mais plena eternidade

E um luar só de nós dois.

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