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quarta-feira, 13 de julho de 2016

POEMA DRAMÁTICO

Miro o espelho e avisto os acenos
da velhice que vem me chegando.
Vejo em ti que a juventude saltita
e parece contagiar o universo
da alegria do teu rosto travesso.
Eu te vejo menina e tão viva
e te amo com ternura infinita.
Mas faço que saias, te evadas
de um modo que é qual sorrateiro,
como eu fora morrer entre as águas
e te desse a jangada que salva,
pra poderes brincar pelos dias.

Ah,  pousar nos joelhos meu rosto
e chorar convulsivo, abundante,
num afã de morrer brevemente...
Mas me calo, resigno, ciente que evito
um naufrágio adiante maior.

Amanhã serei sombra tão vaga, tão leve
de um sentir que tiveste tão pleno.
Mas jamais serei teu estorvo,
o teu tédio, a canseira, teu fardo.
Te amo, mas fico, silente, quieto:
te deixo,  tão bela, tão minha,  partir.

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