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domingo, 2 de maio de 2021

OSMUNDO

 Naquele lugar tão estranho

de brigas, de armas e ganhos, 

de tudo que existe no mundo

entrou por engano o Osmundo.


Havia bebida de graça,

"bonecas", mulheres na caça,

casais transando na rua,

beldades dançando já nuas.


Num dado momento uma loura

do tipo que os dias doura

lhe trouxe um copo de quente,

chamou-o pro amor, sorridente.


Osmundo ficou num conflito:

ia ou não ia o aflito?

Se aquilo fosse arapuca, 

findasse num tiro na nuca?


Se fosse a bebida truncada,

se a loura com rosto de fada

não fosse às outras idêntica,

não fosse uma dama da autêntica?


Se o chefe do morro descesse,

cismasse com ele e lhe desse

sentença de morte por nada,

ciumento da loura assanhada?


Em pânico Osmundo sofria:

dizer um "sim" não podia,

dizer um "não" não devia,

fugir sequer tentaria.


Osmundo acordou urinado,

o peito a pulsar disparado,

jurando que à igreja voltava

e a vida devassa deixava.



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