Se a tristeza me tocou, tão inclemente,
Como dedasse uma ferida viva em sangue
Bem no meio do mais fundo do meu coração...
Se mergulhei no passado mais distante
E lamentei o que foi e aconteceu
Além de tudo o que não houve ou ocorreu...
Se tanto andei dentro de casa como autômato
E me sentei, deitei, silente como um quadro estático
E tão parado como olhar que fita o longe tão somente...
Se me fiz mudo, quedo, quedo com estátua
Em beco escuro, deserto e enegrecido pelo tempo
E não quis sair pelas tão tristes ruas da cidade...
É que nada, nada pode ter razão alguma,
É que a alma em mim se encheu de sombras
E de um canto triste, melancólico, inaudível,
E pisei no nada, e adentrei o nada, e o nada é dentro deste apartamento
Que dá vista a tudo o que não há, não é, que não existe,
Não se vê, não se encontra nem vislumbra, não se encontra simplesmente.
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