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quinta-feira, 23 de abril de 2015

SOB A CHUVA

O que faço de mim mesmo,
se fui seu como seus lábios,
s'inda tenho nas narinas
seus aromas de enlevar?

O que faço desta vida?
Fico imóvel sob a chuva?
Rezo à chuva que me leve
Pr'um lugar que ninguém viu?

Tive ganas de apertá-la
e pedir que não se fosse,
mas calei o meu suplício:
Ah(!), quem dera um temporal...

O que faço da existência,
se os momentos que vivemos
são lembranças que perfuram
minha carne devagar?

O que faço dos meus passos, 
se fiz planos de concreto,
fiz projetos de utopia:
como fico sem você?

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