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quinta-feira, 9 de junho de 2022

CRUA DESESPERANÇA

O rosto de seda

Da moça bonita

Não tem poesia,

Nem sol, nem luar:

Não traz fantasia,

Não faz divagar.



Os muro de pedras

Com marcas de musgo

É pedra, só muro:

Não traz a lembrança

Dos beijos e abraços

De antigos casais.



O samba não toca,

A gente não dança,

A luz não se acende,

A rua é deserta:

Não brinca no peito

A menor ilusão.



A praça deserta

Não tem meninada,

Casais se beijando,

Poeta ou cantor:

Nenhuma doçura

Se sente no ar.



Cadê o horizonte?

Que foi do arrebol?

Fecharam-se as casas,

Janelas, portais:

Partiu a esperança, 

Só resta morrer.



  

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