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quarta-feira, 13 de julho de 2022

A MORTE DA POESIA IV


Não há não mais beleza matutina,

Não há não mais vontade de cantar,

Não há moça bonita debruçada na janela,

Não há não mais nostalgia nem saudade,

Não há passado porque o ontem nas memórias se apagou.


Não há  mais rosas nem jardins, nem jasmineiros,

Não há não mais lugar pra minha lira.

As maritacas viraram pássaros urbanos,

Os gaviões tiveram, então, destino igual,

E os micos hoje são caçados como ratos,

Sem "habitat" e sem abrigo ou belas matas.



Não há não mais o pio "agoureiro" da coruja

A inseminar na mente insana o que é funesto;

Nem há não mais ruas descalças de singela poesia;

Não há não mais lugar pra minha lira,

Se até em meu peito os anseios são de argila,

Se o mundo encheu-se de edifícios suntuosos

Pra cultivar poder, miséria e capital,

Se massacrar, sobreviver é que é o mister,

Se as emoções submergiram no asfalto tão brutal.


2022

Revisto e modificado em 11.02.2023







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