As ruas, a poeira e um calor dos infernos.
Tudo é cinzento, incolor ao redor.
Nenhuma moça com um buquê de flores no colo
Nem enxugando, furtiva, lágrimas de perda do amor.
Nenhuma tristeza no meu poema de pedra:
Deus, que foi feito da tristeza dos meus versos?
Quem roubou a verde poesia dos campos?
Os grileiros, incendiários de matas ou os exploradores de gente?
Oi ainda a infalível morte brutal das criações?
O sol ferve todos os chãos, superfícies,
E a compaixão doída aos cachorros das ruas
Parece o único sentimento que tenho no peito.
Os rostos humanos não têm expressão senão arrogância:
Há muito me cansei das pessoas, prenhe de indignação e fastio.
Poderia quem sabe cantar os bares,
Porém minha poesia saiu do bar,
Que não é mais a síntese das coisas do mundo
E carece do encéfalo e do encanto de outrora.
Nada é música, mas sons de ferro batendo,
O tédio inefável alonga as distância que percorro
E transforma os minutos em horas infindas.
Vivo num mundo cinzento, onde nada é alegre nem triste,
E me vejo também feito de pedra e cimento,
E sigo, autômato vil, pelas ruas da vida.
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