E se eu sonhasse, mas sonhasse plenamente
Como não houvera no universo nada senão a minha fantasia?
Se eu sonhasse como fora menino novamente
E vivera a primeira de todas as paixões?
E se eu sonhasse, mas sonhasse de maneira assim desmesurada
Qual não existira tempo, luto, dores e mazelas,
Nem o impalatável tédio do cotidiano e dia-a-dia?
Se eu sonhasse o olhar angélico da menina enamorada
Que gravei num passado já distante, nas linhas da minha poesia?
Se eu sonhasse me casar co'a loura sensual e alucinante
Que ostentava as coxas num vestido provocante?
Se eu sonhasse de um modo tão louco e sem medidas
Que mais parecesse não ter pés ou corpo ou mãos,
Me fizesse etéreo como espírito ou fantasma, devaneio tão somente?
Se eu sonhasse de uma forma tão poética, elevada
De tornar o irreal a verdade absoluta?
Se eu sonhasse e desse ao mundo as costas,
E partisse nas asas do meu sonho como viajante aventureiro,
Sem querer jamais, jamais voltar?
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