Parai, humanos, e vede atentamente
A sede de quem ama e canta, olhos fechados,
E solfeja entre palavras adoçadas de emoções
E se alumbra fundamente ante o amado ser
Ou mesmo à simples vista do rubor de um arrebol.
Parai os fuzis e tanques, granadas, bombardeiros
E fazei dos mísseis nada, nada mais do que sucatas.
Contende essas indústrias emprenhadas de fumaça e morte,
Parai o morticínio dos animais, que tendes como vossos.
Cessai, homens, a guerra, a morte e o que destrói,
E ouvi, imóveis, tudo o que vos canta, toca e diz poema.
Mirai, imundos, a natureza que estais por dizimar
E a infinda lindeza de uma garça a se aninhar.
Deixai de lado essa ganância horripilante
A parir a guerra, o ódio e a mais vil corrupção.
Quedai-vos ante a bailarina flutuando no teatro
E orai aos anjos do lirismo, embora não creiais.
Tocai na seda das canções, dos violões e das cascatas
E me enganai e me iludi, mas nunca permitais
Meu despertar desta utopia insana e descabida
De que seríeis capazes de ouvir clamores como os meus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário