Mãe, que coisa doida é essa
mais do que doida
nesta cidade?
Que coisa é esta
mais do que doida
dentro do peito?
Mãe, como apavora
vir à janela,
ver os cadáver
pela favela
e imaginar
que qualquer hora
a gente pode
ser mais um deles.
Mãe, como me assusta
ver a miséria
em todo canto
desta cidade,
como na terra
tão nordestina,
cheia de fome,
onde eu nasci.
Mamãe querida,
entende bem,
vivo com medo,
às vezes penso
umas doideiras:
voltar pro norte.
Voltar pro norte?
Mas como o norte?
Perdi o norte,
também o norte,
que, tão mudado,
é como agora
a terra aqui.
2008
Espaço com a predominância do lirismo e com poemas de amor e paixão, mas com versos acerca de temas diversos, como a questão sócio-política, os tipos vistos nas ruas, o poder, as pessoas e seus sentimentos. Manifestações de inconformismo, de amor aos animais, de amor romântico, de sensualidade, de tristeza, de alegria, de humor, além do olhar sobre as coisas do mundo. Contatos pelo e-mail: baraodamata2@gmail.com
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