Meu verso é um canto ardente de vida e de morte,
É lassidão, quietude, tristeza profunda,
É dor aguda e calada furando no peito,
É uma alegria vibrante a vestir fantasia
E a mergulhar nas folias sem siso dos carnavais.
É Sharon Stone cruzando as pernas,
É Macunaíma a destilar pilantragem.
É bêbado triste a prantear nas esquinas,
É violeiro dedilhando modinhas,
É vida brotando, florindo, a dançar
No canto divino dos canários, pardais...
Meu verso é o ódio a queimar corações,
É o amor a afagar como a brisa em manhãs.
É o macho que adentra as entranhas da fêmea
Numa gana de gato, de cão, de leão,
Sussurro macio dos córregos brandos,
É noite silente e quieta de paz.
Meu verso se faz dos quatro elementos:
Da terra, do fogo, da água e do ar;
Em si traz o cobre, o ferro, o carvão,
É bicho e é planta, é também mineral.
Das substâncias do mundo, de todas, de todas,
De todas, todinhas é feito o meu verso.
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