Parti pr'uma cidade mineira bem distante,
Sem deixar olhos marejados de saudade,
Sem poema nem canção de despedida,
Sem dilacerar meu peito na partida.
Olhei para a frente, para a frente tão somente,
Num afã de mergulhar em vida nova,
Mas, além destas paredes, é a morte o que me espreita,
E me contenho, amargando a escuridão do medo,
Alma prostrada, inerte, em lassidão.
O maldito mor e seus malditos companheiros,
Tumores todos purulentos dos infernos,
Fizeram deste sítio um desmedido cemitério,
País funesto, a peste a se espalhar pelas cidades.
É triste por demais esta clausura
Que tolhe o corpo, fere a alma e que nos enche,
Do pavor, da apreensão e da incerteza
De se o amanhã pra nós existirá.
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