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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ÂNSIA

Vida pequena, tão diminuta, tão tediosa...
e esta ânsia de apertar o mundo nos braços
e dele sugar todo o elixir da vida plena e palpitante;
sobeja e fulgurante vida do amor imenso e absoluto a que aspiro.

Esta ânsia de sensações como as emoções pejadas de volúpia
vivenciadas por amantes nas praias escuras, nos becos desertos
e nos quartos impregnados de odores lascivos
de mulheres casadas e entregues a amorosas aventuras.

Esta ânsia de percorrer estradas e chãos incontáveis,
de viver uma emoção ardente a cada instante,
de despir a morena de cabelos derramados sobre um ombro...
de estalar os dedos e me ver rodeado de cachorros inúmeros
de estirpes diversas, cães com pedigree, vira-latas sarnentos, vagabundos.

Ânsia de ver a chuva brotando das serras de vegetação majestosa,
de ouvir cantar o cantor mais melodioso, mais sentido
uma canção singela acompanhada de acordes de violão.
De ver o sol nascer brando e dourar o orvalho gotejado nos jardins.

Esta ânsia que clama por felicidade de saltar aos olhos,
por uma desejo de viver, um apego à vida tão intenso,
que pareça o dos sonhos sonhados nas idades imaturas.

2010

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