Estou perdido num tempo
em que tudo que amei se foi,
em que tudo que havia perdeu-se,
tudo o que havia não há.
Não há mais casas singelas
com casais apaixonados
se beijando nos jardins.
Não há mais olhos brilhantes
de mulher enamorada
sob a lua cor de prata.
Não há mais brisa de outono
nem cantiga matutina
para iluminar as manhãs.
Não há mais praças bonitas
com casais cheios de sonhos
e crianças a brincar.
Não há mais o jasmineiro
sob o qual beijava Helena
entre juras imaturas.
Não há mais o violão
que meu pai tocava à noite,
a me encher de comoção.
Não há mais canção bonita
e olhar cheio de súplica
de menina apaixonada.
Não há mais noites de a alma
libertar-se dos pecados
e entregar-se à poesia.
Não há mais momentos líricos
de querer amar profundo,
de querer viver de amor.
Não há mais nenhuma hora
de dizer versos bonitos
e de ouvir coisas tocantes.
Não há mais canção de roda,
não há mais meus pais, a casa
que abrigou a minha infância.
Não há mais a adolescência,
não há mais a juventude,
não há mais aqueles tempos
tão distantes, que parecem
aos meus olhos tão vividos
mais quimeras que lembranças.
2010
Espaço com a predominância do lirismo e com poemas de amor e paixão, mas com versos acerca de temas diversos, como a questão sócio-política, os tipos vistos nas ruas, o poder, as pessoas e seus sentimentos. Manifestações de inconformismo, de amor aos animais, de amor romântico, de sensualidade, de tristeza, de alegria, de humor, além do olhar sobre as coisas do mundo. Contatos pelo e-mail: baraodamata2@gmail.com
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
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