Quando novamente eu vir o mar,
Minha alma dançará como um passista,
Brincará, feliz como um moleque,
Cantará, intensa e ardente qual Bethânia,
Rebentará numa emoção sem ter igual.
Quero ver vibrar Copacabana
E o sol pintar a areia de dourado,
Rebrilhar nas águas verdes, cintilante;
Contemplar o céu a se deitar nas águas,
Quando os olhos se voltarem pro horizonte.
Quero a viveza das pessoas caminhando
Pelas ruas, num poema iluminado;
Ver mulheres convertidas em sereias,
Bronzeando ao calor suas lindezas.
Quero os bares numa alegria esfuziante
E o desfile das prostitutas nas calçadas.
Abençoai, meu Deus, as prostitutas,
Lutadoras sem respeito, sem direitos, sem ternura!
Deixei longe, por demais distante o Rio,
Vim pra Minas e jurei não ter saudades,
Coração, porém, pulsou tão incessante
Pela terra tão festiva onde nasci.
Quando novamente eu vir o mar,
Minha alma se dará tão plenamente,
Pois, bem sei agora, cheira a praia,
Cheira a Copa, Cabo Frio, a Saquarema,
Aos quiosques alegres e praianos
E aos subúrbios sem praia onde vivi.