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terça-feira, 2 de março de 2010

PRECISO

Eu preciso de um luar pra versejar
e uma noite de silêncio murmurante,
para tornar a alma quente, vulnerável
e deixar cada emoção me inquietar.

Eu preciso de uma guerra pra odiar
e brandir os meus punhos, minha espada,
num afã de aniquilar os inimigos
e o triunfo logo após comemorar.

Eu preciso de um amor para amar
e ficar em minha mente noite e dia,
torná-la musa dos meus versos mais ferventes,
tornar minh'alma uma lira permanente.

Eu preciso de um riacho pra pisar
e molhar os pés, banhar o corpo quente,
me arrepiando nas águas cristalinas,
lavando a alma da maldade e do pecado.

Eu preciso de uma causa pra abraçar
e bradar “fora”, “salve”, “abaixo”, “viva”,
e, inquieto, propalar o tempo inteiro
a justiça do meu pleito e minha luta.

Só não posso caminhar sem ódio, causa,
sem paixão, sem poesia, sentimentos,
só não posso viver vida morna, preguiçosa,
como se eu fosse deserto de emoções.

2010

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