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domingo, 30 de setembro de 2007

EU E A ESTÁTUA

Venho pelas ruas , paro um instante numa praça,
Fico a mirar a estátua erguida a um calhorda:
Tanto busto, tanta estátua... tanta homenagem a tanto calhorda.


Tanta gente cultuando tantos gélidos assassinos,
Que mataram tanta gente, devastaram tanta coisa
Por ganância e sordidez.


Tantas palmas tantos batem aos discursos de tantos patifes,
Que decidem nossos rumos, nos condenam à pobreza,
À miséria, ao infortúnio, à tristeza e aos infernos.


São canalhas travestidos de reis da magnitude;
Atos banais transformados em façanhas as mais elevadas;
Sacanagens mascaradas de atos da mais alta grandeza.


Olho a estátua com olhos incrédulos e expressão cansada,
Porém, um assombro vem a mim quando constato:
Deus, como são longas  as pernas da mentira!

1994
Revisto e modificado em 2017

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