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domingo, 30 de setembro de 2007

POETA

Poeta não é só aquele que ostenta diversos recursos literários,
Que brilha em sua deslumbrante intelectualidade,
Que tem livros publicados ou mesmo escreve versos.
Poeta é todo aquele a quem a música desvanece,
A quem os jardins e as matas encantam,
A quem o luar e o sol embevecem,
Para quem o canto dos pardais é uma bela orquestra da Natureza
E uma casa velha, singela e desbotada é de infinita beleza.
Poeta é todo aquele em cuja alma cada gesto ou palavra da namorada toca mais fundo,
Todo aquele cujo peito abriga os mais serenos e os mais desembestados sentimentos.
Poeta é todo aquele que morre, ressuscita, morre, ressuscita, até vir a morte física, tão
[ tétrica e antipoética, para acabar com tanta vida e tanta morte.
É todo aquele que entristece nos momentos menos propícios – como em pleno Carnaval –
E se alegra com uma simples manhã domingueira coberta de sol.
Poeta é, enfim, todo aquele em que a alma é como o corpo em carne viva, ultrassensível ao
[ mais leve arranhão e à carícia da brisa mais suave.

1992

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