sábado, 27 de setembro de 2014

ARTE DE AMAR

A pele branca e a pele negra numa febre da volúpia mágica,
A pele negra e a pele branca encharcadas do suor do cio humano,
A pele branca e a pele negra numa amálgama divina,
A pele negra e pele branca semeando mulatice,
A pele branca e a pele negra num fervor angelical.
Gemidos brancos, ais tão negros, vozes unas e mestiças,
Um corpo só, uma alma única, um gozo na grandeza absoluta.
Salvai, ó Deus, a alta harmonia dessas peles que se roçam na transcendental arte de amar.

sábado, 20 de setembro de 2014

VERSOS QUIXOTESCOS

Não me importa a que distância está de mim,
Não importa a condição civil que tem:
Tenho o mar pra lhe mostar em minha terra
E um poema enamorado que lhe fiz.

Não remoa as mágoas vindas do passado
Nem o ódio se este pulsa em suas veias,
Se a canção que lhe dedico é tão bonita
E cantada numa voz angelical.

Não permita que a dor  rasgue esse seu peito,
Se o seus olhos tão vivazes me fascinam
E a beleza do seu rosto engimático
Faz que eu queira desvendá-la por inteiro.

Faço versos tão singelos pra afagá-la,
Poesias que traduzem que me atiro
À loucura deste intenso sentimento
De uma forma juvenil, trascendental.

Tenho sóis, luares, praças pra mostrar,
Tenho luzes de artifício em noites belas
E uma cama como feita pro seu corpo,
E um amor maior que eu mesmo pra lhe dar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

TRISTE, AO LÉU

Os versos que me vêm co'a noite são tristonhos,

O rosto que no espelho vejo é macambúzio,
Os sons que vêm das ruas me parecem melancólicos.
De onde, Deus, me veio o gosto amargo das palavras?
Não te creio, Deus, nem amo ou te suplico
E por isto não me atiro em prantos nos teus braços:
Sigo a vida só catando as parcas forças do meu ser.
Mas pergunto: de onde veio esta tristeza que me corta,
Que me sangra e deixa rastros das feridas no caminho?
Em que esquina me perdi, me fiz sem rumo,
Nada mais que um ser errante, tão sem norte e direção?
Ser confuso, tão pequeno, tão perdido e tão ao léu.
Que esperança pode vir de um trecho inesperado
Desta estrada tão sombria e conturbada que percorro,
Qual levado por um vento que conduz somente ao nada?