quarta-feira, 10 de abril de 2024

BONITA

 Venha logo, abra a janela:

Veja a noite como é bela, 

Que a alegria é tão vibrante

Como fosse um turbilhão.


Seu vestido pequenino

Vista e saia passeando

Sob os olhos cobiçosos

Dos ateus e dos cristãos.


Saia assim como se o dia

Fosse feito de festejos

E você rodopiasse

Numa dança angelical.


Solte ao vento os seus cabelos,

Deixe a luz sobre o decote,

Deixe entrar a poesia

E palpitar os corações.

terça-feira, 2 de abril de 2024

POETICAMENTE

 Hoje acordei pra poetar:

Pintei de branco o mundo, as ruas 

Pus a tocar canções suaves,

 Me acomodei na minha paz.


Vou ver voar o bem-te-vi,

Ouvir cantar o sabiá,

Varrer pra longe os dissabores,

Da brisa fresca me regalar.


Irei falar de amor e dança,

De rio e sol, de relva e mar;

Vou-me lotar de arroubo, afãs 

Soltar o verbo co'as emoções.

E me lotar de arroubo e afãs.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

SE VOCÊ VIER PRA MIM

 Se você vier pra mim,

Eu prometo de pés juntos que alvoreço

E que vejo florir a poesia

Em cada trecho dos meus passos pela vida.


Minha alma se encherá de cores vivas,

Se fará completamente ensolarada.

Nutrirei as quimeras mais bonitas

Dos poetas descabidos, imaturos.


E direi tanto verso emocionado

Do meu peito latejante de paixão.

Ornarei de brandura e dos afetos

Um mundo todo de doçuras de nós dois.


domingo, 31 de março de 2024

PRESENTES

 Vem, mulher, me traze vida e festa,

Traze luzes, canto, mel aos dias

E às minhas noites, mulher, traze teu céu.


Abre o corpo, abre os braços, dá-me os lábios.

Vem, me enlaça em teu delírio e teus ardores,

Sê meu norte, meu abrigo e meu festim.


Vem me ser anis, ser minha fruta,

A delícia de eu seguir a minha  estrada,

Poesia a fervilhar dentro de mim

PURO AMOR

 Não fazer ode aos senhores poderosos,

Mas contemplar o passarinho se aninhando

E me enlevar do alto esplendor desse momento.


Não me encantar dos edifícios suntuosos

E ajoelhar-me ante a jaqueira majestosa,

Em plena prece de somente dar amor.


Louvar-amar a Natureza, mãe de todos

E abrir o peito palpitante da emoção 

De vê-la em festa, em sua exuberância divinal.


quarta-feira, 27 de março de 2024

NOITE SILENTE

 Não existe orquestra ou tamborins enchendo tarde clara

Nem canto de amor pulsante ornado das estrelas,

Ou ainda acordes de violão sob o luar.

Não há mais que a noite, a escuridão, silêncio fundo,

E tudo é mudo, tão distante e derradeiro.

Calado, o peito dorme, quieto, quase inerte;

O mundo é escuro, imóvel, num torpor interminável,

Pois tudo é mudo, tão distante e derradeiro.


NÃO POSSO MAIS FICAR

 Não, não posso mais ficar:

São silentes os teus olhos,

Sem um brilho que traduza

A cantiga que há nos peitos

Que se emprenham de emoções.


Não, não posso mais ficar,

Se são frios os teus lábios,

São de mármore os teus lábios

E é incolor a tua fala

Tão despida de paixão.


Tuas mãos não têm calor,

São sem vida as tuas mãos.

Quem te fez assim de pedra?

Quem te fez de barro e argila?

Quem te fez de chumbo e ferro?


Quando entrei nesse teu mundo,

A buscar lirismo e festa, 

Descobri que és campo seco,

Deparei co'a solidão. 

Não, não posso mais ficar.

domingo, 17 de março de 2024

POESIA ARTIFICIAL

 Imagine a inteligência artificial

Produzindo poesia eletrônica,

"Genuína" tal como o afeto

Da mulher que mente, que engana.


Pense os poemas robóticos

E os corações de titânio

Pulsando qual vibradores

E o pranto de silicone.


Você acha que os versos da máquina

Seriam parnasianos,

Com métrica e rimas perfeitas,

Leitores todos de lata?


Será que os poetas robôs,

De emoções totalmente desnudos,

Seriam como luvas perfeitas

Pros não-sentimentos dos homens?

sexta-feira, 15 de março de 2024

AUTÔMATO VIL

 As ruas, a poeira e um calor dos infernos.

Tudo é cinzento, incolor ao redor.

Nenhuma moça com um buquê de flores no colo

Nem enxugando, furtiva, lágrimas de perda do amor.

Nenhuma tristeza no meu poema de pedra:

Deus, que foi feito da tristeza dos meus versos?

Quem roubou a verde poesia dos campos?

Os grileiros, incendiários de matas ou os exploradores de gente?

Oi ainda a infalível morte brutal das criações?

O sol ferve todos os chãos, superfícies,

E a compaixão doída aos cachorros das ruas

Parece o único sentimento que tenho no peito.

Os rostos humanos não têm expressão senão arrogância:

Há muito me cansei das pessoas, prenhe de indignação e fastio.

Poderia quem sabe cantar os bares,

Porém minha poesia saiu do bar,

Que não é mais a síntese das coisas do mundo

E carece do encéfalo e do encanto de outrora.

Nada é música, mas sons de ferro batendo,

O tédio inefável alonga as distância que percorro

E transforma os minutos em horas infindas.

Vivo num mundo cinzento, onde nada é alegre nem triste,

E me vejo também feito de pedra e cimento,

E sigo, autômato vil, pelas ruas da vida.

domingo, 10 de março de 2024

O BOB NO COLO

 O BOB NO COLO


O Bob deita no colo de afeto da tutora

E adormece como bebê nos braços da mãe:

Criança em momento de santa ternura,

Anjo repousando no paraíso,

Na simbiose mais bela de amor.

segunda-feira, 4 de março de 2024

BARÃO DA MATA


"Barão da Mata" não é meu sobrenome.  Foi um codinome que criei para assinar meus trabalhos (antes não usava meu nome: Demóstenes), composto pelo nome de um cachorro que muito amei (Barão) e pela alusão às matas (da Mata).   Em outras palavras, "Barão da Mata" é uma declaração de amor aos animais e à natureza.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O EXTREMOIDE ( COM QUASE INTEIRA PARÁFRASE A TIRIRICA)

Sou feliz porque a Globo me dá o melhor do Carnaval

E a Sportv, as emoções febris do futebol,

E a mídia defende os ricos como a mãe mais leonina,

Exatamente por sabê-los por Deus abençoados.

Vivo  em paz porque oro sempre e vou à igreja,

E garanti pra mim um palacete  lá no Céu.

Amo  meus filhos, minha esposa e minha amante,

A quem já impus os abortos que sempre condenei,

Pois a família, que é tão sagrada, jamais vou macular.


Vejo o fantasma do Fidel por toda parte

E sonho a volta dos tempos bons da ditadura

E da tortura, que aniquilava os não-cordatos;

Mas sou cristão e adoro a Deus antes de tudo,

Venero a pátria e o meu bizarro capitão.

Ele é bizarro, mas sou seu amigo,

Ele é malvado, mas sou seu amigo,

Ele é covarde, mas sou seu amigo,

É perigoso, mas sou seu amigo,

Ele é tudo aquilo, mas sou seu amigo,

Ele é muito mais, porém sou seu amigo. 


sábado, 20 de janeiro de 2024

ANA CELINA

 Por que bebe Ana Celina,

Solitária em sua sala,

Tão tristonha, na penumbra,

Pranteando ao fim da tarde

Iluminada de verão?


Lembrará momentos plenos

Soterrados no passado,

Numa dor de quase luto,

Corroída de saudades,

Sem podê-los retomar?


Sofrerá por ter perdido

Um amor que nunca esqueça

Ou então porque este mundo

De tão rude, a tenha feito

Se sentir medrosa e só?


Que pretende Ana Celina,

Mergulhada no seu gim,

Num silêncio de deserto,

Num olhar vago e distante

A fitar somente o nada?


O que dói n'Ana Celina

Que se estampa no semblante

Do seu rosto delicado,

Tão suave, apessegado,

Tão bonito de mulher?


O que chora Ana Celina

Na clausura dessa dor

A torná-la  débil, tênue,

Indefesa e pequenina,

Porcelana a se quebrar?


Proteger Ana Celina

Eu queria sem demora,

Se seus olhos permitissem,

Suas mãos se me estendessem

No abandono à solidão.


Quero ver Ana Celina

Deslizando pelos dias

Como fosse uma menina

Num sorriso luminoso,

A correr sobre patins.