quinta-feira, 23 de abril de 2015

SOB A CHUVA

O que faço de mim mesmo,
se fui seu como seus lábios,
s'inda tenho nas narinas
seus aromas de enlevar?

O que faço desta vida?
Fico imóvel sob a chuva?
Rezo à chuva que me leve
Pr'um lugar que ninguém viu?

Tive ganas de apertá-la
e pedir que não se fosse,
mas calei o meu suplício:
Ah(!), quem dera um temporal...

O que faço da existência,
se os momentos que vivemos
são lembranças que perfuram
minha carne devagar?

O que faço dos meus passos, 
se fiz planos de concreto,
fiz projetos de utopia:
como fico sem você?

terça-feira, 21 de abril de 2015

TORTURANTE LABIRINTO

Quero gritar,
Mas não há grito que me traduza a agonia tamanha.
Quero me contorcer,
Mas não há gesto à altura da dor que me martiriza. 
Quero deitar-me no chão da escuridão e permanecer imóvel até que  a morte me venha [serena,
Mas ainda assim não conseguirei expressar a lassidão imensa do espírito meu.
Quero chorar de nunca mais secar as lágrimas,
Mas não há pranto que expresse a tristeza profunda 
Dos meus olhos de uma desolação mais sem fim.
Sequer posso - quem dera - fugir de mim mesmo.
Meu Deus, mas que torturante labirinto sou eu!