domingo, 4 de janeiro de 2015

POEMA BANDIDO III

É o momento de louvar os festejos dissolutos,
os malandros com seus dados viciados,
as mulheres seminuas dos bordéis.

Fazer verso aos bebuns que não têm rumo,
às lascivas dos duzentos namorados
se exibindo e se ofretando nas esquinas.

Fazer canto ao Carnaval e  excessos da folia
com as bundas mais diversas e suadas
rebolando, reluzentes, nos salões.

Ode aos peitos, vulvas, coxas, ancas que se mostram, 
Num sentir arrebatado, fascinado, enlouquecido,
Entre gestos obscenos, rebolados imorais.

Ah, falar pornografias e mandar o mundo às favas!
Adentrar as cerimônias desvestido de camisa
E cantar bonitos sambas, abafando os oradores.

Mas jamais trajar um terno e se vestir de hipocrisia,
Nunca, Deus(!), deixar valer a hipocria!

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

       
Se entre a cruz e a espada te ajoelhas,
Reza no fervor de um mártir que agoniza,
Reza como fora Cristo e tenta achar uma esperança.
Pede em tua prece dias bem diversos dos presentes.
Clama pela fuga e pela ausência dos demônios inclementes.
Desfia cem rosários, mil rosários se preciso.
Vai, suplica por um tempo de verdade e de justiça,
De igualdade e de bondade, de harmonia e retidão.