sábado, 29 de julho de 2023

O IMPÉRIO DO DIABO

 Não sonharei jamais um mundo melhor

Nem nutrirei no velho peito a menor ilusão,

Se as criaturas nada importam se equiparadas ao capital, 

Se o poder, a guerra e o triunfo nas batalhas

Revelam a alma dos homens de forma bem cristalina...


Se os animais sublimes que vemos nos campos

São sempre mortos com crueldade satânica:

Não há beleza alguma nos campos.

Se cada pessoa é solitária ao extremo,

E as cidades, inchadas de gente, são simplesmente desertas.

Se os amores são calculados e tão pragmáticos,

E dos casamentos, então... melhor nem falar.


Se mãos humanas bestiais, tão imundas,

Dão vida a ainda mais cataclismos:

Vendavais, calores, secas, inundações.

Se a ignorância é mensageira e bastião dos malignos

Que semeiam pobreza, miséria, a fome e o caos...

Se a natureza agoniza, encolhida, estuprada

Pela ganância dos vis magnatas.


Cada humano abriga na alma um demônio

--São demônios dos mais variados tamanhos--,

E eu, às vezes, me desolo bem fundo,

Enquanto luto por conter meu diabo

E me furto a mensurar-lhe as dimensões.