sábado, 23 de agosto de 2014

LOUVOR AO PECADO

Hoje farei apologia ao pecado.
Não ao pecado dos perversos de toda ordem.
Mas ao pecado dos casais espúrios e nascidos de uma bulinagem inesperada e [inconsequente,
Dos lascivos e sensuais sem limites, de Adão e Eva provando do fruto proibido, de 
[Dioníso em suas festas licenciosas e Zeus em sua infidelidade peculiar.
O pecado das mais ousadas libertinagens, das mulheres que driblam maridos e se dão a [amantes eventuais ou costumeiros.
O pecado das mais desregradas esbórnias e das mais luxuriosas orgias.
Quero exaltar os devassos de todas as estirpes e os irreverentes de toda natureza, os [amantes desconhecidos que se dão imediatamente após um breve olhar.
Serei prosélito dos sensuais incorrigíveis, 
Dos que se amam pelos becos, pelas ruas escuras e os jardins das casas, das 
[praças, 
[das igrejas, deixando em seu rastro um cheiro inconfundível de 
[lubricidade.
Não farei louvações a santos ou a anjos bíblicos, muito menos aos profetas defensores 
[da virtude e devoção religiosa:
Quero apenas professar o pecado... o pecado... acima de todas as coisas o pecado: nada, nada além do delicioso pecado.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

VENHA

Não me deixe só,  minha bonita,
se a noite se despiu da poesia,
se é deserta e se vestiu de puro tédio, 
e se  tudo à volta é tão vazio
e entedia a alma mais intensa.

Venha, surja como bela mdelodia
que rompe o silêncio de repente,
surpreende o peito mais tristonho,
traz consigo claridade ensolarada,
faz pulsar as veias dos sem-vida.

Venha assim qual sonho de criança,
tão repleto de alegrias e delícias.
Chegue assim qual céu todo estrelado
enfeitando meu momento e minha noite,
como nada  houvesse mais a desejar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

IMAGENS REFLETIDAS

Que enigma esconde esse teu rosto
num semblante perene de quem brinca
e se ri do mundo tão injusto e caricato?

Se os segredos não desvendo,
te conheço a sede, a sanha,
quanto ardem teus desejos
e me vejo um tanto pasmo,
absorto, até encantado
em notar de ti brotando
vida, ardor em profusão.

Quais quimeras te incendeiam?
Quais loucuras tu desejas?
Que aventuras te fascinam
nessa alma irrequieta?

Encantado, te contemplo,
porque entendo que há em ti
o quem em mim sinto brincando
desde os tempos mais remotos.

Quanto tens de mim em ti?
O que somos? Semelhanças
abundantes, incontáveis?
Ou então, se nos olhamos,
O que vemos? Um espelho?

Tua alma dança em mim?
Minha alma dança em ti?

Assim somos um só ser,
divididos e libertos
a voar pelo universo.