domingo, 31 de março de 2024

PRESENTES

 Vem, mulher, me traze vida e festa,

Traze luzes, canto, mel aos dias

E às minhas noites, mulher, traze teu céu.


Abre o corpo, abre os braços, dá-me os lábios.

Vem, me enlaça em teu delírio e teus ardores,

Sê meu norte, meu abrigo e meu festim.


Vem me ser anis, ser minha fruta,

A delícia de eu seguir a minha  estrada,

Poesia a fervilhar dentro de mim

PURO AMOR

 Não fazer ode aos senhores poderosos,

Mas contemplar o passarinho se aninhando

E me enlevar do alto esplendor desse momento.


Não me encantar dos edifícios suntuosos

E ajoelhar-me ante a jaqueira majestosa,

Em plena prece de somente dar amor.


Louvar-amar a Natureza, mãe de todos

E abrir o peito palpitante da emoção 

De vê-la em festa, em sua exuberância divinal.


quarta-feira, 27 de março de 2024

NOITE SILENTE

 Não existe orquestra ou tamborins enchendo tarde clara

Nem canto de amor pulsante ornado das estrelas,

Ou ainda acordes de violão sob o luar.

Não há mais que a noite, a escuridão, silêncio fundo,

E tudo é mudo, tão distante e derradeiro.

Calado, o peito dorme, quieto, quase inerte;

O mundo é escuro, imóvel, num torpor interminável,

Pois tudo é mudo, tão distante e derradeiro.


NÃO POSSO MAIS FICAR

 Não, não posso mais ficar:

São silentes os teus olhos,

Sem um brilho que traduza

A cantiga que há nos peitos

Que se emprenham de emoções.


Não, não posso mais ficar,

Se são frios os teus lábios,

São de mármore os teus lábios

E é incolor a tua fala

Tão despida de paixão.


Tuas mãos não têm calor,

São sem vida as tuas mãos.

Quem te fez assim de pedra?

Quem te fez de barro e argila?

Quem te fez de chumbo e ferro?


Quando entrei nesse teu mundo,

A buscar lirismo e festa, 

Descobri que és campo seco,

Deparei co'a solidão. 

Não, não posso mais ficar.

domingo, 17 de março de 2024

POESIA ARTIFICIAL

 Imagine a inteligência artificial

Produzindo poesia eletrônica,

"Genuína" tal como o afeto

Da mulher que mente, que engana.


Pense os poemas robóticos

E os corações de titânio

Pulsando qual vibradores

E o pranto de silicone.


Você acha que os versos da máquina

Seriam parnasianos,

Com métrica e rimas perfeitas,

Leitores todos de lata?


Será que os poetas robôs,

De emoções totalmente desnudos,

Seriam como luvas perfeitas

Pros não-sentimentos dos homens?

sexta-feira, 15 de março de 2024

AUTÔMATO VIL

 As ruas, a poeira e um calor dos infernos.

Tudo é cinzento, incolor ao redor.

Nenhuma moça com um buquê de flores no colo

Nem enxugando, furtiva, lágrimas de perda do amor.

Nenhuma tristeza no meu poema de pedra:

Deus, que foi feito da tristeza dos meus versos?

Quem roubou a verde poesia dos campos?

Os grileiros, incendiários de matas ou os exploradores de gente?

Oi ainda a infalível morte brutal das criações?

O sol ferve todos os chãos, superfícies,

E a compaixão doída aos cachorros das ruas

Parece o único sentimento que tenho no peito.

Os rostos humanos não têm expressão senão arrogância:

Há muito me cansei das pessoas, prenhe de indignação e fastio.

Poderia quem sabe cantar os bares,

Porém minha poesia saiu do bar,

Que não é mais a síntese das coisas do mundo

E carece do encéfalo e do encanto de outrora.

Nada é música, mas sons de ferro batendo,

O tédio inefável alonga as distância que percorro

E transforma os minutos em horas infindas.

Vivo num mundo cinzento, onde nada é alegre nem triste,

E me vejo também feito de pedra e cimento,

E sigo, autômato vil, pelas ruas da vida.

domingo, 10 de março de 2024

O BOB NO COLO

 O BOB NO COLO


O Bob deita no colo de afeto da tutora

E adormece como bebê nos braços da mãe:

Criança em momento de santa ternura,

Anjo repousando no paraíso,

Na simbiose mais bela de amor.

segunda-feira, 4 de março de 2024

BARÃO DA MATA


"Barão da Mata" não é meu sobrenome.  Foi um codinome que criei para assinar meus trabalhos (antes não usava meu nome: Demóstenes), composto pelo nome de um cachorro que muito amei (Barão) e pela alusão às matas (da Mata).   Em outras palavras, "Barão da Mata" é uma declaração de amor aos animais e à natureza.