O que faço de mim mesmo,
se fui seu como seus lábios,
s'inda tenho nas narinas
seus aromas de enlevar?
O que faço desta vida?
Fico imóvel sob a chuva?
Rezo à chuva que me leve
Pr'um lugar que ninguém viu?
Tive ganas de apertá-la
e pedir que não se fosse,
mas calei o meu suplício:
Ah(!), quem dera um temporal...
O que faço da existência,
se os momentos que vivemos
são lembranças que perfuram
minha carne devagar?
O que faço dos meus passos,
se fiz planos de concreto,
fiz projetos de utopia:
como fico sem você?
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