Que suma daqui o pastor que finge
Querer pregar apócrifos ensinamentos
De um deus apócrifo igualmente
E inventado pelos judeus da Antiguidade.
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
Que suma daqui o pastor que finge
Querer pregar apócrifos ensinamentos
De um deus apócrifo igualmente
E inventado pelos judeus da Antiguidade.
Se Tupã, morto e enterrado há mais de três decênios,
Caiu no mais completo, absoluto esquecimento,
Os deuses das matas foram todos covardemente incinerados
Por senhores feudais gananciosos, sem pudor,
Que roubam , incendeiam selvas, campos e cerrados
E os animais, sem nenhuma, a menor das compaixões.
São invernos tórridos como verões em fúria,
Inundações trazendo o caos e mortes sobre mortes,
Como as secas a trazer a dor, desolação.
Para enriquecerem de maneira torpe e descabida,
Essas bestas condenam cidades, natureza, criaturas
Aos infernos e ao sofrer mais cruel, descomunal.
Nunca vi falar de amor teus olhos.
Não digas, não, ternuras que não venham do fundo do teu peito.
Não olhes, não, pela janela,
Se a vida, sambando pelas ruas,
Não te venha de algum modo arrebatar.
Não chores, não, por favor, se não for por sentimento.
Não fiques, não: parte, vai embora pra bem longe,
Bem distante dos meus olhos, mais ainda do meu peito,
Como se jamais nascera ou jamais eu te avistara.
Parte tão somente , e minh'alma n'algum ponto
Dessa estrada dos meus dias
Irá, tenho certeza, se acender mais uma vez.
É noite... é noite... É noite, é profunda madrugada.
É noite...
O violeiro que tocava arredou-se pra bem longe,
A mulher bonita retirou-se da janela,
O sol dourado escondeu-se no infinito,
As ruas todas se fizeram cemitérios
E a cidade emudeceu como uma estátua,
E o mundo inteiro se fez silente e escuro.
È noite... é noite...
È noite sem faróis, luar , estrelas,
Imersa em seu inverno e no seu breu.
(Este poema crítico e sarcástico não é para os pastores verdadeiros e honestos, mas para aqueles patifes de extrema-direita que já se consolidaram como salafrários rufiões da fé)
Meu pastor quem me salvou,
Meu pastor quem me apontou
O caminho da virtude,
Um atalho pra Jesus
E a receita de ir pro Céu.
Meu pastor me batizou,
Meu pastor me mergulhou
Na piscina lá da igreja
E depois numa aventura
Fascistoide como o quê.
Meu pastor me batizou,
Meu pastor me mergulhou
Numa injusta saia-justa
Porque dei calote grande,
Para a igreja empanturrar.
Nossa, a fada virou bruxa!
Nossa, a fada virou bruxa!
Fora outrora minha musa,
Me deixou batom na blusa,
Mas agora a fada é bruxa,
Nossa, agora a fada é bruxa!
Ai, a fada era tão linda
Na figura e dentro d'alma!
A alma bela que ela tinha,
Campos verdes floreados,
Hoje é pedra, barro e pó.
Ai, agora a fada é foda!
Ai, eu brocho pr'essa bruxa!
--Poetastro desbocado!--
Porque agora a fada é bruxa
Com verrugas no nariz.
Infeliz metamorfose:
Ai, agora a fada é bruxa
Com vassoura voadora,
Com maldade e caldeirão.
Ah, que essa mulher que me toca (!)
É como cheirasse a jasmim,
Tivesse um nome de flor,
Tem olhos serenos de céu.
É qual fora uma bailarina,
Tivesse a leveza de pluma
E qual levitasse ao bailar;
Tivesse um semblante de fada,
De uma heroína dos contos
Mais cheios de amor e emoções;
Tivesse alma doce e macia
E fosse frágil qual pétala,
E suplicante ao se dar.
Imensa ternura me invade,
Pois ela é ameno poema,
É como manhã clara e calma
E cantasse cantigas de seda,
De amar, aquecer e afagar.
Desperto com dois anjos em minha cama:
Mel e Raposa fugindo ao frio,
Agasalhadas de moleton.
fico bonito como ninguém
Porque me encanto co'essas cadelas,
Co'as borboletas e os passarinhos
E, assim, eu, Natureza e os animais
Ficamos unos, um ente só.
Quando algum deles discursa,
É Cristo mal-encenado,
Capeta mal-disfarçado,
É Hitler reencarnado,
É o "duce" ressuscitado.
Os falsos profetas proferem
Seus berros de guerra e ódio,
Conduzem ignaros rebanhos
À luta feroz contra o bem.
As bestas vindas das trevas
Promovem o caos e o martírio
No intuito de acima de tudo
Tornar os senhores em deuses.
O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...