Ah! Meu Deus, meu grande Deus!
Ah! Mas como é bom viver!
Consegui me eleger...
Como valeu o tom ousado,
O discurso decorado,
Fielmente copiado
De um eleito no passado!
A revolta ensaiada,
Minha fala exaltada
Em prol dos pobres famintos
(Sou convincente quando minto)...
Como tudo me valeu!
A grana gasta na campanha
E a gasta agora na champanha
Em dois tempos vou recuperar,
Em três tempos vou multiplicar...
Eu vou me locupletar!
A cabeça do trabalhador
Vou vender sem pena ou dor.
Ah! Vai ser muito cômico:
Pro viril poder econômico,
Que quer gozar até cair,
As pernas do povo vou abrir.
Ah! Quanto porre, quanta "gata"!
Quanta grana e negociata!
Defendi tanto os salários,
Ataquei os empresários...
Tudo chega a ser hilário:
Saio dessa milionário.
O banqueiro que ajudou
Pr'eu chegar aonde estou,
Já me disse: "És grande ator,
És exímio orador.
Fala sempre em tom de fúria
Que te dói essa penúria
Em que vive essa gente,
Que te votará, contente."
Atalhei de peito inchado:
"Sei de cor e salteado
Que o povo é o condenado
Que, inocente amolador,
Do carrasco executor
Sempre afia a espada."
1993
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
Pesquisar este blog
domingo, 30 de setembro de 2007
O SENTIMENTO SUBLIME
O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...
-
Vem, mulher, pra mim, que eu te faço Uns versos tão mansinhos e cálidos, Que, mais do que musa, Vênus te sentirás. Vem pra mim por inte...
-
Quero fazer um poema que seja só não-amor. Que não seja canto, mas silêncio; que não seja perdão, mas ódio calado, velado e mudo. Qu...
-
Quero te fazer um poema co’a delicadeza de quem toca harpa, Co’a mansidão de quem dedilha violão. Quero versejar para ti assim como quem t...