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domingo, 2 de novembro de 2025

O SENTIMENTO SUBLIME

 O sentimento sublime

que trago em meu meu candente

é como se tudo florasse,

se a aurora fosse constante

e a noite, tão linda de estrelas,

enchesse de luz os becos

e neles derramasse canções.


É como se a primavera

ornasse as ruas e praças,

viesse desses teus olhos

tão cheios de vida e querença,

tão pleno de anseio e de sol.

VIAGEM ENCANTADA

 Hoje mesmo, há poucos momentos,

estive nos anos setenta,

vi cantar Vinícius e Tom

e ouvi belos sambas-canção.

Ai, era tanta alegria

naquela tarde dourada,

e as águas azuis e assanhadas

batiam na praia, espumavam

aqui,, tão distante do mar.


Em poucos seguntos, a noite

chegou, maviosa e poética,

e andei entre os clorpos celestes,

enquanto cantou Lady Gaga

com suas emoções palpitantes.


Elis brilhava e cantava

com sua voz milagrosa,

que esfuziava, sofria,

depois serenava, tão doce

como nunca, jamais ouvi.

Elis, a rainha maior.


Viajei em toda a magia

da voz, dos arranjos do Mílton,

passeei em fazendas, paisagens,

em cidades majestosas e antigas,

me sentindo tomado de amor.


Vi Deus e as orquestras dos anjos,

viajei em terras  de encantos

e me enchi de alegria e fascínio:

ah, como nos enfeitiça

ouvir tão bonitas canções!





domingo, 14 de setembro de 2025

POESIA DO MOMENTO DE VOLÚPIA

 Não senti, não, no meu peito

O tocar angelical

Que enfeitiça o enamorado,

Mas te irei sorver a língua

Na agonia dos sedentos,

Provarei da tua pele

Como quem lambe ambrosia,

Sentirei, extasiado,

O calor dessas entranhas,

Fruirei teu corpo quente

Como quem degusta manga,

Sorve a polpa, a água da pera

E assim fica a se aprazer.


Sentirei dentro de ti

O aconchego delirante,

A agonia extasiante,

O regalo que enlouquece

E se expande corpo inteiro

E que irá lotar a casa,

Vazará pelas janelas,

Pelo espaço sideral.


Serei teu inteiramente,

Serei teu sofregamente,

Serei teu como criança

Aninhada no teu ventre.

Mas me deixa a porta aberta

Pr'eu depois ir pelas ruas

E seguir o meu caminho

Sem nos darmos nossas mãos.




domingo, 24 de agosto de 2025

AS CADELINHAS E EU

 É manhã e dois anjos em forma de cadela sobem em minha cama e se deitam. Sinto uma paz e uma felicidade infinita e quase indescritível, e ficamos os três, irmãos por filhos da Terra, amor e sintonia de almas, refestelados em nosso céu.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

A FADA DA FAVELA


Lembro qual fora agora:

luz amarela e fraca,

a deusa aberta em flor,

a rosa ardendo em chama

Num gueto do Brasil.


Seus olhos suplicantes,

tão cheios de pecado,

sussurros de luxúria,

as juras mais bonitas

na casa desbotada.


Ainda na memória

eu tenho os estampidos,

um samba mal cantado,

a nossa noite bela

e o medo após o amor.


Sumiu no mundo a linda,

a fada da favela.

Que coisas hoje vive?

Suplico que inda viva. 

Meu verso ela calou.




sábado, 29 de março de 2025

A TRISTEZA E A ALEGRIA

 A tristeza é prisão, é calabouço, é clausura, é escuridão no estreito túnel, é como amarras, é lassidão.

A alegria é claridade, é liberdade, é voar,  braços abertos para o mundo, e o regalo de sentir no rosto e peito a brisa fresca,  colorida e musical. 

UNICIDADE COM A NATUREZA

  Amo a Natureza e com ela me sinto uno como se nas plantas tocasse as pontas dos dedos e nas plantas sentisse os elementos corporais que tenho em mim, assim como se apalpasse a mim mesmo. Amo os animais como se fora deles uma simples extensão.  Eu, animais, vegetais, um corpo único, uma só alma numa harmonia e comunhão absoluta.

Não sou, porém, uno com os homens que  destroem, que incendeiam e que matam plantas, bichos, porque esses satanases abomináveis se comprazem de um modo incompreensível em matar, queimar e destruir.  Sou feito da mesma matéria daqueles que respeitam a vida.  Dos bestiais destruidores me recuso teimosamente a ser irmão.

LAMBARI, UMA TELA DE CINEMA

 Se um dia eu voltar a Lambari, sentirei fundamente a ausência daqueles que em minha juventude comigo para lá viajavam  do Rio de Janeiro e, como alguns que ali moravam, já não vivem mais.  Sua lembrança irá me ferir sob a forma de tristeza e nostalgia, e essa tristeza será como um fantasma ubíquo a me surgir nos cantos todos do solar e nos umbrais que irei atravessar.  A casa aos meus olhos será lúgubre e sombria, com a umidade, o mofo e o escuro das masmorras e dos casarões abandonados.

Encontrarei toda a cidade transfigurada totalmente, sem a poesia que outrora me acolhia, e, entre as pessoas, não haverá ninguém que eu haja conhecido. Perceberei, então, que os laços que me uniram à cidade se terão evaporado como o éter a se desintegrar no ar.  Porque não será a Lambari que conheci e que tinha alguma inocência e um charmoso romantismo.  

Contemplarei as ruas sem encontrar entre nós nenhuma identidade, e caminharei a esmo não como estando por ali, mas qual alguém que anda a olhar uma tela de cinema, sem no cenário poder entrar jamais

quinta-feira, 27 de março de 2025

A CIDADE

 Vou-me embora pr'um lugar belo e distante

Que me inspire redondilhas, madrigais,

Onde as matas, veneradas como deusas,

Sejam templos majestosos, divinais.


Vou-me embora pr'um lugar onde os bichinhos,

Muito amados como os anjos que bem são,

Não vagueiem pelas ruas e sarjetas,

Vivam qual num merecido paraíso.


Vou-me embora pr'um lugar sem mendicância,

Onde a fome nem sequer tente chegar;

Onde amantes sejam livres das ganâncias

E não queiram mais que afeto e que se dar.


Onde brinquem, felizes as crianças, 

Onde, soltos, me cantem rouxinóis;

De onde fique tão longínqua a hipocrisia,

Que não saiba lá chegar de modo algum.


Se o lugar não existir aqui na terra,

Vou a Marte ou Vênus para achá-lo.

Se, inda assim, não encontrar essa cidade,

Vou erguê-la em minha mente pra morar.


sábado, 22 de março de 2025

NUNCA MAIS

 Você se lembra de quando o nosso amor era um sentimento sagrado e felicidade se resumia a estarmos juntos  simplesmente?  E se recorda da alegria indescritível e ensolarada a cada vez em que nos víamos chegar?

Você se lembra de quando nos entrelaçávamos as mãos, em cujas palmas ficávamos a sentir pulsar os nossos corações?  Tem a lembrança de que olhávamos a rua da janela e o mundo parecia dançar constantemente , numa festa contagiante e interminável?  

Tem na memória nossas salivas em nossas bocas, em nossos corpos já misturadas, e os nossos líquidos, nossos odores e nossos fluxos amalgamados, sem que sequer conta nos déssemos de quais os cheiros e quais os fluidos eram os seus ou eram meus?  Você notava que na verdade  éramos um,  dois seres unos com  um só gosto, único aroma, uma só alma até talvez?

Hoje de você mais nada sei.  Teria à rudeza dos dias se entregado e se tornado bruta, cinzenta e incolor como o íntimo  da maioria dos humanos?  Terá se dado  inteiramente às ganâncias e mesquinhezes de um mundo cru, atroz  e pérfido, onde as emoções e a poesia não têm vez nem cabimento de modo algum?  Ou viverá um outro amor assim como aquele todo  feito de ternura, ardores,  lira e de entrega  de nós dois?

O que é de você nada mais sei e, pressuponho, não irei saber jamais.  A certeza que tenho  é somente a ríspida certeza do nunca mais.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

A MÚSICA E A RUA

  A rua, essa gente

que segue, que passa

pr'um lado, outro lado,

meus fones de ouvido: 

que música linda!


A gente, esse tráfego,

os carros, o asfalto, 

as motos ruidosas

quebrando a canção

tão doce de ouvir.


Alguém que pragueja

o que nem imagino;

mas nem me interesso:

que notas sublimes!

Nasceram no Céu?


A gente passando,

os carros parando

diante dos olhos

cansados de carros,

cansados de gente.


As cores mais várias,

pessoas aos montes,

sorrisos, conversas...

Cantiga tão linda

que quase chorei.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

SUBLIMAÇÃO: DEVANEIO?

 Deixar a paz entrar por cada poro assim como uma água sacrossanta que sublima, enleva e eleva doce e plenamente um ser humano.  Sentir o amor tocar a alma fundamente e fazê-la tão repleta desse amor que ele se emane por todo o derredor como fachos de luz branca a se expandir.  Sentir  a harmonia e irradiá-la pelo cosmo, numa purificação absoluta.

Amar numa entrega plena e cheia de delicadeza.  Amar e buscar alguma coisa transcendente para, então unidos, espalharmos benesses sobre as amadas criaturas.  Cultivar os meus desejos mais benevolentes como quem cultiva flores nos jardins.  Contatar intimamente o metafísico e sentir-me e saber-me parte dele, sem limite que nos possa separar.

Notar que a música e a sagrada natureza, a arte e os olhos angelicais dos animais, também sagrados,  como toda, toda forma de alumbramento e poesia, nos conduz numa viagem magnífica à intimidade, à harmonia e à unicidade com tudo aquilo que vivemos a chamar de transcendentes.

Ou seremos nós mesmos, quando despojados da maldade e alumbrados, a própria transcendência que pensamos ser exterior?


UMA QUASE-PRECE UTÓPICA

 Não seja, não, o tempo  hoje o prenúncio de uma era de ódios predominantes e de embates, de martírio e de profusões de carnificinas.  Não seja, não, ainda que o sobrenatural se faça existente e que venha interceder.  Não fique, não, o mundo nas mãos  de bestas medonhas, com corpos mutilados e ensanguentados em campos de batalha e os calabouços e infernais porões cheirando a mofo, a sangue e a fluidos putrefatos das torturas lancinantes entre os gritos assombrosos e impregnados das dores tenebrosas que é impossível descrever.

Que venham os dias de paz e calmaria, e os mais fortes permitam aos mais fracos o sossego e a harmonia a que todo ser tem o direito mais sagrado.

Que a justiça se sobreponha à vil ganância e acima de tudo paire a paz e a compaixão.  Que os povos todos se tornem livres, soberanos, e as sociedades vivam de mãos dadas, no arrefecimento das tão cruéis desigualdades.

Que viver seja leve, doce para toda criatura, para todo e qualquer ser.


domingo, 26 de janeiro de 2025

CHUVA BRANDA

 Hoje choveu, mas não a chuva devastadora e cheia de devastações e temporais.  Hoje choveu, e as águas, brandas, arrefeceram o calor abrasador e a agonia do meu espírito lotado de apreensões e indignações as mais diversas.

Hoje choveu, e o fogo ateado nas matas não pôde prosperar ante a frustração desolada dos incendiários criminosos, demoníacos e ignóbeis como a mais chã das criaturas não consegue ser.  Não há verme repulsivo como um homem que incinera flores, árvores, insetos, frutas e puros e inocentes animais.

Hoje choveu, e o cheiro da terra molhada adentrou as narinas como um perfume divinal.  Foi como uma trégua numa guerra sangrenta e lancinante.  Hoje choveu, e minha alma se fez serena e suave,  e fresca, e leve, e amena e doce como a paz.

O SENTIMENTO SUBLIME

  O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...