Vai, meu verso ardente, e te embevece da lindeza que há na noite latejante.
Vai, verbo candente, e odeia assim qual fora tempo de somente guerrear.
Vai, poema cálido, e ama assim com toda a lira, toda a sede que tu tens de te [entregar
Vai, fala pulsante, e exibe a dor que rasga a carne e é de matar, martirizar e [contorcer.
Vai, palavra em chama, e faze o peito tão festivo de alegria plena dilatar.
Vai, pena tão vária, e exibe os sentimentos mais diversos que no peito vibram [como ebulição.
Mas não te cales nunca, poesia, e brota do meu ser como se fora um mar de [sensações a se espalhar na vastidão.
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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sábado, 11 de fevereiro de 2017
NOSTALGIA III
Tinha Lúcia, que era tão bonita,
e cheirava sempre a sabonete,
e era tão boa de deitar.
Tinha o quintal com três cachorros
e a terra, que cheirava a chuva à tarde,
e os arbustos sob a luz a balançar.
Tinha o futuro, que se vestia de esperança
e parecia tão delícia e tão de festa,
que era capaz de toda agonia afugentar.
Tinha um desejo imenso de cantar
que pulsava toda vez que a semana se acabava
e me fazia feliz por existir tão simplesmente.
Não vou me encher assim não mais de nostalgia,
porque é tal como me apertar de dores pelos cantos,
como morrer, viver a morte todo o dia, o tempo inteiro.
Não, não vou me encher não mais de nostalgia,
senão tanta saudade vai doer em mim demais.
e cheirava sempre a sabonete,
e era tão boa de deitar.
Tinha o quintal com três cachorros
e a terra, que cheirava a chuva à tarde,
e os arbustos sob a luz a balançar.
Tinha o futuro, que se vestia de esperança
e parecia tão delícia e tão de festa,
que era capaz de toda agonia afugentar.
Tinha um desejo imenso de cantar
que pulsava toda vez que a semana se acabava
e me fazia feliz por existir tão simplesmente.
Não vou me encher assim não mais de nostalgia,
porque é tal como me apertar de dores pelos cantos,
como morrer, viver a morte todo o dia, o tempo inteiro.
Não, não vou me encher não mais de nostalgia,
senão tanta saudade vai doer em mim demais.
NÃO TERÁS ESSA MULHER
Não, amigo, não te enganes
nem desdobres, nem te esganes:
não terás essa mulher
que, bem mostra, não te quer.
Nem que cantes as canções
mais pejadas de emoções,
nem com todos os bemóis,
nem que dances sob os sóis.
Nem que tentes pôr ciúmes,
que besuntes de perfumes
tuas fronhas e lençóis,
nem com mil aerossóis.
Nem co'a pose dos heróis,
com viagras e halitóis,
nem com mãos de beseróis
ou buquês de girassóis.
Nem que te enchas de cultura,
tomes banhos de leituras,
faças mais de mil loucuras,
sejas pleno de bravura.
Nem com pembas pelos cantos,
nem que rezes pra teus santos,
nem que implores entre prantos,
nem co'olhar de pôr quebranto.
Nem co'o brilho dos faróis,
vaga-lumes e lustróis,
a beleza de arrebóis.
Não terás essa mulher
nem que comas os lençóis
e que arrotes girassóis.
nem desdobres, nem te esganes:
não terás essa mulher
que, bem mostra, não te quer.
Nem que cantes as canções
mais pejadas de emoções,
nem com todos os bemóis,
nem que dances sob os sóis.
Nem que tentes pôr ciúmes,
que besuntes de perfumes
tuas fronhas e lençóis,
nem com mil aerossóis.
Nem co'a pose dos heróis,
com viagras e halitóis,
nem com mãos de beseróis
ou buquês de girassóis.
Nem que te enchas de cultura,
tomes banhos de leituras,
faças mais de mil loucuras,
sejas pleno de bravura.
Nem com pembas pelos cantos,
nem que rezes pra teus santos,
nem que implores entre prantos,
nem co'olhar de pôr quebranto.
Nem co'o brilho dos faróis,
vaga-lumes e lustróis,
a beleza de arrebóis.
Não terás essa mulher
nem que comas os lençóis
e que arrotes girassóis.
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