Pesquisar este blog

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

O CATADOR DE ENCANTOS

Quero o olhar desvanecido da mulher apaixonada

E a vista das serras majestosas e cascatas.

Quero os cachorros brincando, felizes, nos quintais

E a canção mais linda a vir no vento qual carícia.

Quero a paz dos recantos maviosos, temperados

E a magia das emoções e alumbramentos,

Como vivera o alvorecer eternamente,

Como ficasse a catar encantos sem cessar.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

OS DEMÔNIOS

 A Rússia não abre mão de devastar a Ucrânia e quem lhe resista,

Israel promove crueldades  implacáveis entre os palestinos

E não poupa nem mesmo hospitais e crianças,

Terroristas brasileiros só aguardam o que acham bom momento de queimar as matas

E de modo hediondo incinerar os animais inocentes,

As milícias, traficantes, polícias dão-se ao "regalo" das carnificinas:

A alma dos homens é árida como os mais imensos desertos

E pavorosamente perversa como os mais tenebrosos demônios:

O bem-estar e a paz só poderão se estabelecer com a extinção dos humanos,

Que sequer deveriam ter surgido na face da Terra

E são prova irrefutável da inexistência de Deus.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

PARTE...!


Parte e suaviza a casa em tons de paz

Da tua ausência tão somente.

Parte ainda madrugada

E deixa a manhã chegar perplexa

Da leveza do sossego simplesmente.


Minha poesia irá encontrar o dia ainda preguiçoso

E os passarinhos cantando vivamente,

Como se festejassem também tua partida.

E eu contemplarei o dia alegremente,

E me darei a versejar doçuras,

Como tocasse, embevecido, um violão

E flutuasse e viajasse nos acordes mais bonitos.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

QUADRO SEM COR

 

 Hoje nem cantei de manhã,

Hoje nem vi o sol raiar.

Acho que nem houve manhã

Depois que você me deixou.


Hoje nem falei de esperança,

Hoje nem ouvi melodias

Nem sequer vi rumo a seguir:

Sem você, meu norte perdi.


O dia é estático, imóvel,

É bem como um quadro sem cor,

Sem tom, sem figura ou paisagem:

Meu mundo calou-se e parou.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

FECHA AS PORTAS D'ALMA

 

 Sai às ruas, abre os braços,

Busca a orquestra, a claridade,

Busca o sol que há nas pessoas,

Busca o dia mais bonito

E a vontade de cantar.


Mas me dizes que lá fora

Não tem rua ou claridade,

Se há orquestra, nunca ouviste,

E as pessoas não têm sol.


Então, fica em tua casa,

Te enclausura no teu mundo,

Tranca as portas do teu mundo,

Submerge todo em ti.

MINHA MORTE

 Morri com a cabeça no travesseiro,

Embora preferisse que houvesse acontecido

Numa mesa bem fria de concreto

De uma praça qualquer do fim do mundo 


Entrei na escuridão de minh'alma tão ferida

E ali fiquei  num torpor descomunal.

Não vi fantasmas ou, se acaso os avistei,

Ignorei-os, sem susto e sem temor,

Sentindo a tristeza, sombria, a me enlaçar.


Se morri, me afundei nas tocas fundas

E cavernas escuras do meu coração.

Mas não há céu, inferno, só negror,

A quietude mais silente do sepulcro

Que existe bem dentro aqui de mim.

O AMOR E AS ALMAS


 Não, um deus onipotente não há, não, de haver,

Se as crueldades impunes que grassam no planeta

Não lhe permitiriam nunca ser absolvido.


Não há de haver Deus, mas alminhas pros bichinhos

Que morrem nas queimadas perversas do Brasil.

Há de haver alma pra lagartixinha diminuta

Que matei em minha casa, sem querer.


Há de haver uma alminha para cada cachorrinho

Que brincou e que latiu em minha vida

E se foi, me deixando uma tristeza sem tamanho.


Há de haver almas para meus humanos mortos,

Que me fizeram viver mais o passado que o presente.


Há de haver uma alminha para o grilo que eu ouvi

Cantar dentro de casa toda noite

E um dia encontrei sofrendo pra morrer.


O amor é mais amplamente universal do que se pensa

E se estende também ao seres diminutos.

O amor não aceita, não digere o que é a morte,

Porque o verdadeiro amor nunca se aprende

Nas pregações conformistas de Jesus

Ou de qualquer profeta aqui do mundo:

O amor é bem maior que o Universo,

Que qualquer amor que nos queiram ensinar.

sábado, 12 de outubro de 2024

ALÉM DA FIDELIDADE

 Sei que o amas e admiras,

Mas te peço: dá-te a mim

Como nada mais houvesse,

Como musa apaixonada

Num furor angelical.


Tenho aquela que me encanta,

Mas te quero num afã

De um amante romanesco:

No teu beijo, no teu corpo,

Quero entrar no paraíso.


Vem criar comigo um mundo

Pelo amor todo estrelado.

Vem fazer deste momento

A mais plena eternidade

E um luar só de nós dois.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

PACTO DE AMANTES(ou POEMA BREGA E LÍRICO)

 Reza por mim todas as noites e manhãs,

Pede a Deus que eu seja teu pra todo o sempre,

Faze uma simpatia que nos una como massa

E ouve as músicas de amor que me tragam à memória,


Eu eu dou o vinho, suco e vela ao preto-velho

E acendo a vela que nos possa amalgamar,

E ainda faço uma promessa a Santo Antônio

De estar na missa aos domingos de manhã.


Não creias nunca se te falarem mal de mim,

E esquecerei que me traíste por um mês.

Não dances, não, no pagode do Zabumba, que eu não gosto,

Eu te prometo jamais voltar ao bordel da Carolina.


Vamos tocar as nossas mãos e assim nos enredar,

E nos olhar de um modo simplesmente divinal.

Vamos voar nos ventos, astros da paixão

E nos nutrir eternamente do delírio deste amor.


O AMAR DEMAIS

 O amor grande demais explode o peito

Ou o faz desabrochar em pétalas profusas

E emanar perfume e acordes pelo ar?


O amor demais faz adoecer

Ou robustece a vida a palpitar

No coração tão prenhe de emoções?


O amor demais traz agonia

Por não haver palavras pra expressar

Ou nos faz tão belos assim como o luar?


O amor demais nos faz chorar

Ou de tanto sentimento embevecer

Como os cães em seu afeto sem igual?


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

CLAMOR INÚTIL

Parai, humanos, e vede atentamente

A sede de quem ama e canta, olhos fechados,

E solfeja entre palavras adoçadas de emoções

E se alumbra fundamente ante o amado ser

Ou mesmo à simples vista do rubor de um arrebol.


Parai os fuzis e tanques, granadas, bombardeiros

E fazei dos mísseis nada, nada mais do que sucatas.

Contende essas indústrias emprenhadas de fumaça e morte,

Parai o morticínio dos animais, que tendes como vossos.


Cessai, homens, a guerra, a morte e o que destrói,

E ouvi, imóveis, tudo o que vos canta, toca e diz poema.

Mirai, imundos!, a natureza que estais por dizimar

E a infinda lindeza de uma garça a se aninhar.


Deixai de lado essa ganância horripilante

A parir a guerra, o ódio e a mais vil corrupção.

Quedai-vos ante a bailarina flutuando no teatro

E orai aos anjos do lirismo, embora não creiais.


Tocai na seda das canções, dos violões e das cascatas

E me enganai e me iludi, mas nunca permitais

Meu despertar desta utopia insana e descabida

De que seríeis capazes de ouvir clamores como os meus.


POEMA DA MANHÃ

 Vem, mulher dos olhos mansos,

Acender minha manhã;

Vem, alegra minha casa

E fogueia o corpo meu.


Passarinho matutino, 

Vem pousar nessa varanda,

Salpicar tua alegria,

Vem cantar no peito meu 


Sol ameno, adentra o quarto,

Enche a casa com teus raios;

Vem ornar essas paredes,

Vem mostrar que há vida em mim.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

NÁUFRAGO

 Ai, viajante

A percorrer

Caminhos turvos,

Negras ondas,

Bravos mares:

Marinheiro

Dos naufrágios,

Sem resgate,

Terra à vista

Ou uma ilhota.


Ai, o temor,

Temor dos ventos,

Das calmarias,

Do breu da noite,

Do sol brilhante...

Do céu que encosta

Nas águas verdes

Temor profundo

Da morte e vida.


Temer, chorar...

Ai, olhos baços

Que nada avistam,

Que nada esperam

Nem mais se iludem:

Serenos, miram

A triste morte:

Ai, viajante 

A dar-se à morte.




sábado, 24 de agosto de 2024

A SAUDADE

 A saudade dói qual querer voltar

Sem achar jamais o caminho,

Rói como o afã de retorno

À terra que não há mais,

Precisar se aquecer do frio

Ao sol que morreu, se apagou.

Ansiar pela voz sublime

De alguém que já emudeceu.

É assim como sede intensa

De beber na fonte já seca.

A saudade é um séquio de estar

Na mata que agora é cinza

E traz um desejo insano

De prantear sem cessar.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

ELA

 Aninhou-se em meu peito como eu fosse abrigo

Dos maremotos e furiosos vendavais;

Como se a protegesse do tempo e da tristeza,

Da infâmia, da morte, da dor e todo mal.


Aconchegada, era como uma menina,

Mas se deu na incandescência de mulher.

Disse coisas de fazer devanear.

Sua voz enchia o ar de poesia.


Ao sair, estava ainda mais bonita,

Um poema ambulante pelas ruas.

Plantou vida, alegria em minha casa,

Do meu peito fez morada da esperança 

domingo, 4 de agosto de 2024

AS MOÇAS DA NOITE

 O primeiro da noite era bruto

Assim como fora um ferreiro

E fora a cama a bigorna,

E escoriou Diany sem pena.


O terceiro, com mãos ensebadas,

Cheirava a suor e gordura

E Diany conteve mil náuseas,

E se deu como entregue a um martírio.


O quinto falhou de tão bêbado,

E o esforço hercúleo da moça

Não trouxe nenhum resultado

Senão certo alívio, um suspiro.


O oitavo era assim como um lorde

E cheirava a lavanda e perfume,

E Diany se abriu, serenada,

Cumprindo em paz seu ofício.


Na noite de quase calvário,

Diany dormiu como pedra,

Tal como sofrera um nocaute

E mais pareceu uma morta.


À tarde, acordou no bordel

E contou seus percalços a Marta,

Que transtornos também relatou,

E olharam-se, ternas e cúmplices.


As duas se deram as mãos,

Um abraço apertado, tão pleno,

E as línguas sugaram-se, ardentes,

E os corpos se deram em volúpia maior.



domingo, 14 de julho de 2024

O PORÃO

 Na manhã fria, o sol clareou e aqueceu as ruas, a casa e o meu corpo, mas não minha alma  fatigada e estendida num porão úmido, escuro e lúgubre.

domingo, 30 de junho de 2024

QUE SUMA O PASTOR!

 Que suma daqui o pastor que finge 

Querer pregar apócrifos ensinamentos

De um deus apócrifo igualmente

E inventado pelos judeus da Antiguidade.

BESTAS FEUDAIS

 Se Tupã, morto e enterrado há mais de três decênios,

Caiu no mais completo, absoluto esquecimento,

Os deuses das matas foram todos covardemente incinerados

Por senhores feudais gananciosos, sem pudor,

Que roubam , incendeiam selvas, campos e cerrados

E os animais, sem nenhuma,  a menor das compaixões.



São invernos tórridos como verões em fúria,

Inundações trazendo o caos e mortes sobre mortes,

Como as secas a trazer a dor, desolação.

Para enriquecerem de maneira torpe e descabida,

Essas bestas condenam cidades, natureza, criaturas

Aos infernos e ao sofrer mais cruel, descomunal.

domingo, 23 de junho de 2024

PARTE!

 Nunca vi falar de amor teus olhos.

Não digas, não, ternuras que não venham do fundo do teu peito.

Não olhes, não, pela janela,

Se a vida, sambando pelas ruas,

Não te venha de algum modo  arrebatar.


Não chores, não, por favor, se não for por sentimento.

Não fiques, não: parte, vai embora pra bem longe,

Bem distante dos meus olhos, mais ainda do meu peito,

Como se jamais nascera ou jamais eu te avistara.

Parte tão somente , e minh'alma n'algum ponto

Dessa estrada dos meus dias

Irá, tenho certeza, se acender mais uma vez.


É NOITE

É noite... é noite... É noite, é profunda madrugada.

É noite...

O violeiro que  tocava arredou-se pra bem longe,

A mulher bonita retirou-se da janela,

O sol dourado escondeu-se no infinito,

As ruas todas se fizeram cemitérios

E a cidade emudeceu como uma estátua,

E o mundo inteiro se fez silente e escuro.

È noite... é noite...

È noite sem faróis, luar , estrelas,

Imersa em seu inverno e no seu breu.



 

MEU PASTOR II

 (Este poema crítico e sarcástico não é para os pastores verdadeiros e honestos, mas para aqueles patifes de extrema-direita que já se consolidaram como salafrários rufiões da fé)


Meu pastor quem me salvou,

Meu pastor quem me apontou

O caminho da virtude,

Um atalho pra Jesus

E a receita de ir pro Céu.


Meu pastor me batizou,

Meu pastor me mergulhou

Na piscina lá da igreja

E depois numa aventura

Fascistoide como o quê.


Meu pastor me batizou,

Meu pastor me mergulhou

Numa injusta saia-justa

Porque dei calote grande,

Para a igreja empanturrar.


A FADA VIROU BRUXA

 Nossa, a fada virou bruxa!

Nossa, a fada virou bruxa!

Fora outrora minha musa,

Me deixou batom na blusa,

Mas agora a fada é bruxa,

Nossa, agora a fada é bruxa!



Ai, a fada era tão linda

Na figura e dentro d'alma!

A alma bela que ela tinha,

Campos verdes floreados,

Hoje é pedra, barro e pó.



Ai, agora a fada é foda!

Ai, eu brocho pr'essa bruxa!

--Poetastro desbocado!--

Porque agora a fada é bruxa

Com verrugas no nariz.

Infeliz metamorfose:

Ai, agora a fada é bruxa

Com vassoura voadora, 

Com maldade e caldeirão.



domingo, 2 de junho de 2024

A MULHER DE PÉTALAS

Ah, que essa mulher que me toca (!)

É como cheirasse a jasmim,

Tivesse um nome de flor,

Tem olhos serenos de céu.


É qual fora uma bailarina,

Tivesse a leveza de pluma

E qual levitasse ao bailar;

Tivesse um semblante de fada,

De uma heroína dos contos

Mais cheios de amor e emoções;

Tivesse alma doce e macia

E fosse frágil qual pétala,

E suplicante ao se dar.


Imensa ternura me invade,

Pois ela é ameno poema,

É como manhã clara e calma

E cantasse cantigas de seda,

De amar, aquecer e afagar.








A MANHÃ E AS CADELAS

Desperto com dois anjos em minha cama:

Mel e Raposa fugindo ao frio, 

Agasalhadas de moleton.

fico bonito como ninguém 

Porque me encanto co'essas cadelas,

Co'as borboletas e os passarinhos

E, assim, eu, Natureza e os animais

Ficamos unos, um ente só.


GUERRA DIABÓLICA

Quando algum deles discursa,

É Cristo mal-encenado,

Capeta mal-disfarçado,

É Hitler reencarnado,

É o "duce" ressuscitado.


Os falsos profetas proferem

Seus berros de guerra e ódio,

Conduzem ignaros rebanhos

À luta feroz contra o bem.


As bestas vindas das trevas

Promovem o caos e o martírio

No intuito de acima de tudo

Tornar os senhores em deuses.

sábado, 25 de maio de 2024

CHAMAMENTO PARA O AMOR

 Venha amar assim como se fôssemos seguir

Uma estrada escura e luminosa de delírios

Em que os gostos e os odores da lascívia

Nos viessem plenamente embriagar,

E essa estrada não findasse, não, jamais.



Arquejar e suspirar, gemer e sussurrar

As coisas mais reais e mais insanas da volúpia

Que somente o corpo em seus poemas tão ardentes

É que sabe propriamente proferir.



Ah, nós nos banharmos em riachos e cascatas

De um lugar todo erigido em devaneios!

Ah, ouvirmos cantar os deuses da luxúria

Num momento que não possa, não, findar jamais.


PARTIDA

 Posso, sim, partir agora mesmo,

Mas e se a noite escurecer demais?

Mas e se a rua entristecer e se calar

Num silêncio torturante e sepulcral?


Posso, sim, partir qual combinamos,

Mas e se toda madrugada for insone,

Se me ficar cravado teu rosto na memória,

E a agonia me fizer querer morrer?


Posso, sim, partir pra todo o sempre,

Mas se eu quiser me enganar o tempo inteiro:

Secar os bares tentando crer que é por prazer,

Chorar tentando achar que é pelas dores deste mundo?


Estou partindo e, asseguro, não tem volta,

Mas se depois buscar alguém com os seus olhos,

Seu sorriso, com seu jeito ou modo de se dar?

Vou partindo, sim, e vou altivo,

Mas, se em meu peito se abrir uma ferida

De levar a vida inteira pra cicatrizar?



sábado, 4 de maio de 2024

VERSOS DE PORCELANA Nº 3

 Vem aqui, amor, acorda,

Vem sonhar desta varanda,

Vem sentir que a noite é doce,

Vem achar que a vida é bela.



Vê que a noite é tão deserta,

Mas não tem tristeza alguma.

Sente vir na brisa fresca

A mais leve poesia.



Vem, se achega e aqui me abraça,

Que eu me dou  num madrigal.

Vem voar deste planeta,

Numa nave de emoções.




QUEM TE OUVIU CANTAR

 Quem te ouviu cantar se fascinou

E se fez alma, se fez éter, comoção

E mergulhou, então, profundamente

Na quintessência angelical da tua voz.



Quem te ouviu cantar sei que voou

Andou nos céus, nos astros, sóis, cometas,

N'Estrela D'Alva, embevecido, recostou-se,

Extasiado de poder te ouvir cantar.


A VERDADEIRA PUTA (A CARTILHA DA PUTA)

 A verdadeira puta pode ser de qualquer sexo,

Não importa se ela é homem ou é mulher.

A verdadeira puta prostitui o seu sorriso,

Suas ideias, opiniões e os seu apoios.


A verdadeira puta se une a alguém por interesse

E está do lado de quem tem mais a oferecer.

A verdadeira puta não tem moral nem empatia, nem princípios

E desfila seus ternos ou vestidos refinados

No mundo da política, negócios e na mídia.


Já a mulher que vende o corpo não é puta:

Nosso respeito é o que merece pelo direito

Mais que sagrado que assiste a todo humano

De ter o ofício nunca nocivo, nunca nefasto

Que bem melhor e plenamente lhe convier.

 


TUPINIQUIM

 Sou brasileiro e não desisto nunca

E já nem lembro onde aprendi um clichê tão idiota.

Trabalho muito e ganho pouco porque assim, com muito orgulho,

Dou minha parte pr'ajudar a construir um Brasil muito melhor.

Quem não se sacrifica não acumula tesouros lá no Céu,

E, devoto, venero Deus no adesivo do meu carro

E, mais, sou patriota na minha camisa canarinho

E família com minha esposa e em   minhas idas ao bordel.

Sectário da ordem e disciplina,

Ligo o som do meu carro num volume insuportável,

Canto pneu porque pra mim é o próprio som da poesia.

Aos domingos doo o máximo à igreja

E deixo claro ser autêntico evangélico,

Embora acenda na segunda uma vela pro meu guia,

Já que preciso de proteção, de impunidade,

Se não resisto a promover uma briguinha,

A me envolver em falcatrua ou praticar a crueldade.



Ouve o som berrando aê, ó seus otários!

Ouve os fogos que estourei aê, ó seus manés!

Boto fogos e o som alto pra estourar,

Não vou deixar ninguém no bairro sossegar.





TÔ FORA II

 Vivo num  país que odeia os pobres,

Que odeiam os pobres

E as classes médias baixa e mediana,

Que por sua vez querem que morram pobres, médios baixos e do meio,

E assim se digladia a base da pirâmide,

Que zela pelos lá de cima como mães de tetas cheias.



E é por isso que não quero mais saber de nada

Senão a Netflix com seus filmes, suas séries enlatadas

E o saber,  sem mostrar qualquer opinião.

Quero também as canções que me comovem

E cultivar os meus amores como fosse um jardineiro.

E é por isso que no mais sou filho do Brasil que foge à luta,

Que tô fora de lutas, tô bem fora

E não dedico mais sequer uma linha do que escrevo

A querer tentar ajudar a mudar a conjuntura.



Eta, que versos mais danados de mal feitos!

Mas a gente mencionada é bem pior: deixa rolar!



Já nem penso nas coisas que abomino,

Assim como quem assiste ou lê "Os Miseráveis",

Sem no enredo querer tocar jamais.



Nada quero, nada espero, tô é fora,

Tô por fora, tô bem fora, tô bem longe,

Tô em Marte ou Bagdá.







quarta-feira, 10 de abril de 2024

BONITA

 Venha logo, abra a janela:

Veja a noite como é bela, 

Que a alegria é tão vibrante

Como fosse um turbilhão.


Seu vestido pequenino

Vista e saia passeando

Sob os olhos cobiçosos

Dos ateus e dos cristãos.


Saia assim como se o dia

Fosse feito de festejos

E você rodopiasse

Numa dança angelical.


Solte ao vento os seus cabelos,

Deixe a luz sobre o decote,

Deixe entrar a poesia

E palpitar os corações.

terça-feira, 2 de abril de 2024

POETICAMENTE

 Hoje acordei pra poetar:

Pintei de branco o mundo, as ruas 

Pus a tocar canções suaves,

 Me acomodei na minha paz.


Vou ver voar o bem-te-vi,

Ouvir cantar o sabiá,

Varrer pra longe os dissabores,

Da brisa fresca me regalar.


Irei falar de amor e dança,

De rio e sol, de relva e mar;

Vou-me lotar de arroubo, afãs 

Soltar o verbo co'as emoções.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

SE VOCÊ VIER PRA MIM

 Se você vier pra mim,

Eu prometo de pés juntos que alvoreço

E que vejo florir a poesia

Em cada trecho dos meus passos pela vida.


Minha alma se encherá de cores vivas,

Se fará completamente ensolarada.

Nutrirei as quimeras mais bonitas

Dos poetas descabidos, imaturos.


E direi tanto verso emocionado

Do meu peito latejante de paixão.

Ornarei de brandura e dos afetos

Um mundo todo de doçuras de nós dois.


domingo, 31 de março de 2024

PRESENTES

 Vem, mulher, me traze vida e festa,

Traze luzes, canto, mel aos dias

E às minhas noites, mulher, traze teu céu.


Abre o corpo, abre os braços, dá-me os lábios.

Vem, me enlaça em teu delírio e teus ardores,

Sê meu norte, meu abrigo e meu festim.


Vem me ser anis, ser minha fruta,

A delícia de eu seguir a minha  estrada,

Poesia a fervilhar dentro de mim

PURO AMOR

 Não fazer ode aos senhores poderosos,

Mas contemplar o passarinho se aninhando

E me enlevar do alto esplendor desse momento.


Não me encantar dos edifícios suntuosos

E ajoelhar-me ante a jaqueira majestosa,

Em plena prece de somente dar amor.


Louvar-amar a Natureza, mãe de todos

E abrir o peito palpitante da emoção 

De vê-la em festa, em sua exuberância divinal.


quarta-feira, 27 de março de 2024

NOITE SILENTE

 Não existe orquestra ou tamborins enchendo tarde clara

Nem canto de amor pulsante ornado das estrelas,

Ou ainda acordes de violão sob o luar.

Não há mais que a noite, a escuridão, silêncio fundo,

E tudo é mudo, tão distante e derradeiro.

Calado, o peito dorme, quieto, quase inerte;

O mundo é escuro, imóvel, num torpor interminável,

Pois tudo é mudo, tão distante e derradeiro.


NÃO POSSO MAIS FICAR

 Não, não posso mais ficar:

São silentes os teus olhos,

Sem um brilho que traduza

A cantiga que há nos peitos

Que se emprenham de emoções.


Não, não posso mais ficar,

Se são frios os teus lábios,

São de mármore os teus lábios

E é incolor a tua fala

Tão despida de paixão.


Tuas mãos não têm calor,

São sem vida as tuas mãos.

Quem te fez assim de pedra?

Quem te fez de barro e argila?

Quem te fez de chumbo e ferro?


Quando entrei nesse teu mundo,

A buscar lirismo e festa, 

Descobri que és campo seco,

Deparei co'a solidão. 

Não, não posso mais ficar.

domingo, 17 de março de 2024

POESIA ARTIFICIAL

 Imagine a inteligência artificial

Produzindo poesia eletrônica,

"Genuína" tal como o afeto

Da mulher que mente, que engana.


Pense os poemas robóticos

E os corações de titânio

Pulsando qual vibradores

E o pranto de silicone.


Você acha que os versos da máquina

Seriam parnasianos,

Com métrica e rimas perfeitas,

Leitores todos de lata?


Será que os poetas robôs,

De emoções totalmente desnudos,

Seriam como luvas perfeitas

Pros não-sentimentos dos homens?

sexta-feira, 15 de março de 2024

AUTÔMATO VIL

 As ruas, a poeira e um calor dos infernos.

Tudo é cinzento, incolor ao redor.

Nenhuma moça com um buquê de flores no colo

Nem enxugando, furtiva, lágrimas de perda do amor.

Nenhuma tristeza no meu poema de pedra:

Deus, que foi feito da tristeza dos meus versos?

Quem roubou a verde poesia dos campos?

Os grileiros, incendiários de matas ou os exploradores de gente?

Oi ainda a infalível morte brutal das criações?

O sol ferve todos os chãos, superfícies,

E a compaixão doída aos cachorros das ruas

Parece o único sentimento que tenho no peito.

Os rostos humanos não têm expressão senão arrogância:

Há muito me cansei das pessoas, prenhe de indignação e fastio.

Poderia quem sabe cantar os bares,

Porém minha poesia saiu do bar,

Que não é mais a síntese das coisas do mundo

E carece do encéfalo e do encanto de outrora.

Nada é música, mas sons de ferro batendo,

O tédio inefável alonga as distância que percorro

E transforma os minutos em horas infindas.

Vivo num mundo cinzento, onde nada é alegre nem triste,

E me vejo também feito de pedra e cimento,

E sigo, autômato vil, pelas ruas da vida.

domingo, 10 de março de 2024

O BOB NO COLO

 O BOB NO COLO


O Bob deita no colo de afeto da tutora

E adormece como bebê nos braços da mãe:

Criança em momento de santa ternura,

Anjo repousando no paraíso,

Na simbiose mais bela de amor.

segunda-feira, 4 de março de 2024

BARÃO DA MATA


"Barão da Mata" não é meu sobrenome.  Foi um codinome que criei para assinar meus trabalhos (antes não usava meu nome: Demóstenes), composto pelo nome de um cachorro que muito amei (Barão) e pela alusão às matas (da Mata).   Em outras palavras, "Barão da Mata" é uma declaração de amor aos animais e à natureza.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O EXTREMOIDE ( COM QUASE INTEIRA PARÁFRASE A TIRIRICA)

Sou feliz porque a Globo me dá o melhor do Carnaval

E a Sportv, as emoções febris do futebol,

E a mídia defende os ricos como a mãe mais leonina,

Exatamente por sabê-los por Deus abençoados.

Vivo  em paz porque oro sempre e vou à igreja,

E garanti pra mim um palacete  lá no Céu.

Amo  meus filhos, minha esposa e minha amante,

A quem já impus os abortos que sempre condenei,

Pois a família, que é tão sagrada, jamais vou macular.


Vejo o fantasma do Fidel por toda parte

E sonho a volta dos tempos bons da ditadura

E da tortura, que aniquilava os não-cordatos;

Mas sou cristão e adoro a Deus antes de tudo,

Venero a pátria e o meu bizarro capitão.

Ele é bizarro, mas sou seu amigo,

Ele é malvado, mas sou seu amigo,

Ele é covarde, mas sou seu amigo,

É perigoso, mas sou seu amigo,

Ele é tudo aquilo, mas sou seu amigo,

Ele é muito mais, porém sou seu amigo. 


sábado, 20 de janeiro de 2024

ANA CELINA

 Por que bebe Ana Celina,

Solitária em sua sala,

Tão tristonha, na penumbra,

Pranteando ao fim da tarde

Iluminada de verão?


Lembrará momentos plenos

Soterrados no passado,

Numa dor de quase luto,

Corroída de saudades,

Sem podê-los retomar?


Sofrerá por ter perdido

Um amor que nunca esqueça

Ou então porque este mundo

De tão rude, a tenha feito

Se sentir medrosa e só?


Que pretende Ana Celina,

Mergulhada no seu gim,

Num silêncio de deserto,

Num olhar vago e distante

A fitar somente o nada?


O que dói n'Ana Celina

Que se estampa no semblante

Do seu rosto delicado,

Tão suave, apessegado,

Tão bonito de mulher?


O que chora Ana Celina

Na clausura dessa dor

A torná-la  débil, tênue,

Indefesa e pequenina,

Porcelana a se quebrar?


Proteger Ana Celina

Eu queria sem demora,

Se seus olhos permitissem,

Suas mãos se me estendessem

No abandono à solidão.


Quero ver Ana Celina

Deslizando pelos dias

Como fosse uma menina

Num sorriso luminoso,

A correr sobre patins.






O SENTIMENTO SUBLIME

  O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...