Missão alguma senão aquelas que me dei
Por amor, por entrega e os princípios que nutro.
Nenhuma entidade me sussurra ou dá rumo.
A solidão, grande, obesa, inflada, gigante,
Expande-se e ocupa cada palmo da casa.
Que solidão -- me pergunto e replico
--Se as cadelinhas dividem cada espaço comigo?
A solidão, me respondo, do espírito árido e boca trancada
A fazer-se masmorra, calabouço do verbo
Pejado dos ódios, de dor, desprezo e descrença.
Não busco n'alguma mulher uma cúmplice,
Se a alma incrédula não quer mais confiar.
Nenhuma missão além das cachorras.
Às vezes desejo deixar-me morrer,
Assim como eu fosse criatura de areia,
E o vento me viesse desfazer, diluir.
Deixar as cadelas a um herdeiro bondoso?
Por que morrer, entretanto?
Por fastio, desengano, por tédio?
Morrer ou varar noites brancas na esbórnia,
Velho etilista, tardio notívago,
Veterano boêmio entre mesas de bar?
Se dúvidas chegam, não busco por norte:
Qual homem tem luz pra saber seu caminho?
Pois nós, vis humanos, jamais somos sábios,
Ou então não teríamos deploráveis deslizes.
Sem ser aclarado, vou pisando somente
Os chãos dos meus dias, vivendo os momentos,
Sem buscar pão da vida ou sentido qualquer
Pra vagar pelo mundo, existir tão somente.
Espaço com a predominância do lirismo e com poemas de amor e paixão, mas com versos acerca de temas diversos, como a questão sócio-política, os tipos vistos nas ruas, o poder, as pessoas e seus sentimentos. Manifestações de inconformismo, de amor aos animais, de amor romântico, de sensualidade, de tristeza, de alegria, de humor, além do olhar sobre as coisas do mundo. Contatos pelo e-mail: baraodamata2@gmail.com.
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
VIVER POR VIVER
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