Missão alguma senão aquelas que me dei
Por amor, por entrega e os princípios que nutro.
Nenhuma entidade me sussurra ou dá rumo.
A solidão, grande, obesa, inflada, gigante,
Expande-se e ocupa cada palmo da casa.
Que solidão -- me pergunto e replico
--Se as cadelinhas dividem cada espaço comigo?
A solidão, me respondo, do espírito árido e boca trancada
A fazer-se masmorra, calabouço do verbo
Pejado dos ódios, de dor, desprezo e descrença.
Não busco n'alguma mulher uma cúmplice,
Se a alma incrédula não quer mais confiar.
Nenhuma missão além das cachorras.
Às vezes desejo deixar-me morrer,
Assim como eu fosse criatura de areia,
E o vento me viesse desfazer, diluir.
Deixar as cadelas a um herdeiro bondoso?
Por que morrer, entretanto?
Por fastio, desengano, por tédio?
Morrer ou varar noites brancas na esbórnia,
Velho etilista, tardio notívago,
Veterano boêmio entre mesas de bar?
Se dúvidas chegam, não busco por norte:
Qual homem tem luz pra saber seu caminho?
Pois nós, vis humanos, jamais somos sábios,
Ou então não teríamos deploráveis deslizes.
Sem ser aclarado, vou pisando somente
Os chãos dos meus dias, vivendo os momentos,
Sem buscar pão da vida ou sentido qualquer
Pra vagar pelo mundo, existir tão somente.
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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sexta-feira, 12 de agosto de 2022
VIVER POR VIVER
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