Vem cá, vizim, desce uma pinga, que eu te conto:
Ninguém no mundo é mais feliz que Zé Cardoso.
É que, cedim, toda manhã, beija a menina
De cabelim assim curtim, sorriso franco,
Bonita assim que nem os campo bem verdim.
Aquele beijo mais parece que alimenta Zé Cardoso,
Que prá labuta sai feliz de inté sartá.
Entra a menina a sorrir por casa adentro,
E eu fico oiando as coxa grossa, bem clarim,
E sonho vendo o vestidim a balançar.
O dia inteiro aquela potra lava, passa,
Varre, cozinha e canta assim qual passarim.
É tão bonita com zoim assim pretim,
Tão infantis e serenim, cheim de paz.
De tarde chega Zé Cardoso todo prosa,
E ela se agarra, alegre, moça, ao seu pescoço.
Depois, vizim, é um converseiro sem tamanho.
Um tal de "amor", "benzim" pra lá, "benzim" pra cá,
E a casa, assim, meu bom vizim, parece em festa.
Eu imagino, meu amigo, que à noitinha
O meu vizim é mais feliz que um fazendeiro,
Porque a deusinha, se entregando entre sussurros,
É bem capaz de qualquer cristo endoidecer.
E eu te confesso, sou tão só, que sinto inveja
E uma tristeza grande assim de contorcer.
2010
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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domingo, 5 de setembro de 2010
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