Quem é o poeta que chega
qual vindo de algum devaneio,
saindo de um quarto de vila
com seu violão sob o braço?
Às plenas três horas da tarde,
a grave voz de ressaca,
dedilha uma música antiga
que é de fazer viajar.
Chegando a noite, o opoeta,
a língua pesada de bêbado,
relata as histórias e amores
vividos em tempos de lira.
Alguns ouvintes se encantam,
uns outro se enchem de enfado,
mas cria-se um clima na noite
pejado de poesia.
Poeta de brancos cabelos,
de rosto cortado do tempo,
tão jovem porém nos anseios,
intenso em seu doce falar.
Às altas da noite o bar fecha:
os homens urinam nos becos,
e o triste poeta, já trôpego,
caminha pra ir descansar.
Um dia um coma profundo
ou uma cirrose ou infarto
fará que o poeta soturno
não saia do quarto de vez.
2013
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