Mensalmente, ele dizia:
"Você é minha loucura,
Minha égua sem pudores."
Ao que ela correspondia:
"Você é meu touro bravo,
Garanhão ardente em fogo."
Logo, a noite aprofundava
E outro dia alvorecia:
Um carinho nos garotos,
O dinheiro do colégio,
Breve beijo do casal,
E ele ia pro escritório.
Duas vezes por semana,
As encrencas matutinas,
As palavras de desprezo,
As dedadas nas feridas.
Sexta-feira ele, no bar,
Se encharcava co'os amigos,
Discutindo então os destinos
Da nação, do futebol.
Vez por outra ele encontrava
Uma "gata" interesseira
Que acabava nos seus braços,
Numa cama de motel.
Houve o dia em que um vizinho,
Ardoroso, oportunista,
Acabou no quarto dela,
Pra tornar-se uma lembrança
Que a fazia arder nas noites
De gemidos conjugais.
No domingo, manhãzinha,
A familia ia à missa,
Almoçava com parentes.
Flutuavam sobre a mesa
Os arrotos de cerveja
E da doce coca-cola.
Era o carro na garagem,
Casa prórpria com terraço,
Um churraco por bimestre,
As fofocas co'as amigas,
E os amigos beberrões.
Pois assim os dois viveram
Bem felizes para sempre.
1989
Revisto e modificado em 2025
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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sábado, 6 de março de 2010
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