sábado, 6 de março de 2010

FELIZES PARA SEMPRE

Mensalmente, ele dizia:
"Você é minha loucura,
Minha égua sem pudores."
Ao que ela correspondia:
"Você é meu toruo bravo,
Garanhão que arde em fogo."

Logo, a noite aprofundava
E outro dia alvorecia:
Um carinho nos garotos,
O dinheiro do colégio,
Breve beijo do casal,
E ele ia pro escritório.

Duas vezes por semana,
As encrencas matutinas,
As palavras de desprezo,
As dedadas nas feridas.

Sexta-feira ele, no bar,
Se encharcava co'os amigos,
Discutindo então os destinos
Da nação, do futebol.

Vez por outra ele encontrava
Uma "gata"  interesseira
Que acabava nos seus braços,
Numa cama de motel.

Houve o dia em que um vizinho,
Numa hora oportuna,
Acabou no quarto dela,
Pra tornar-se uma lembrança
Que a fazia arder nas noites
De gemidos conjugais.

No domingo, manhãzinha,
A familia ia à missa,
Almoçava com parentes.
Flutuavam sobre a mesa
Os odores da cerveja
E os arrotos de coca-cola.

Era o carro na garagem,
Casa prórpria com terraço,
Um churraco por bimestre,
As focfocas co'as amigas,
E os amigos beberrões.
E assim eles viveram
Felizes pra todo o sempre.

1989

Revisto e modificado.

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