Se ela surgisse de repente,
Despida,
Silente,
Ardente,
E se fossem os olhos dela
Suplicantes de carinho,
De perdão e de voltar?
Se ela surgisse assim do nada
E se desse, animalesca,
Quão bonito tu verias
Esse mundo ante teus olhos?
Se ela viesse simplesmente
E dissesse tudo fora
Um poema inacabado
Carecendo um recomeço
Sem resquícios do passado
E de entrega nova e cega?
Se ela apenas te voltasse,
Que esperanças nutririas,
Quantos medos sentirias,
Quererias solidão?
Se ela em cima do teu peito
Repousasse as coxas lisas,
Sentirias nela a fonte
Do elemento poderoso
De manter você vivente?
Se ela, sonsa, te tocasse,
Que alegrias te viriam,
Que tristezas causaria
Te saberes indefeso,
Tão cativo da mulher?
Se a tivesses novamente,
Quanto riso e quanto pranto
Encheriam teus momentos?
Quanto então te maldirias
Por perderes a vergonha,
Por saberes que sem ela
Não há sol nem alegria,
Nem desejo ou poesia,
Só vontade de morrer?
2012
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