Mãe, que coisa doida é essa
mais do que doida
nesta cidade?
Que coisa é esta
mais do que doida
dentro do peito?
Mãe, como apavora
vir à janela,
ver os cadáver
pela favela
e imaginar
que qualquer hora
a gente pode
ser mais um deles.
Mãe, como me assusta
ver a miséria
em todo canto
desta cidade,
como na terra
tão nordestina,
cheia de fome,
onde eu nasci.
Mamãe querida,
entende bem,
vivo com medo,
às vezes penso
umas doideiras:
voltar pro norte.
Voltar pro norte?
Mas como o norte?
Perdi o norte,
também o norte,
que, tão mudado,
é como agora
a terra aqui.
2008
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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