segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A DESAMADA

Meu rapaz é tão menino,
E eu passei da flor da idade;
Me rendi aos seus encantos,
Ele, ao saldo no meu banco.

Sou às vezes tão materna,
Ele, tão, mas tão meu filho,
Que me pede um dinheirão.

Eu lhe faço juras líricas,
Ele fala em casamento,
Em seguro, garantias,
Com seus pés firmes no chão.

Eu lhe conto histórias lindas,
Ele conta os meus ativos.
Eu planejo mil viagens,
Ele, mil investimentos.

Eu me pego tão criança
Em sonhar coisas românticas,
Eu o encontro tão adulto,
A falar em patrimônio.

Eu me nutro dos seus beijos,
Sou faminta do seu corpo,
Ele come a minha renda,
Tão voraz como um leão.

Eu me afundo em minhas dívidas,
A querê-lo eternamente,
Ele fica em suas dúvidas
De devermos prosseguir.

2011

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