quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

BIOGRAFIA DO HOMEM SEM VOZ

Nunca fora ouvido pelos santos
Nem ungido pelos padres e pastores.
Jamais fora escutado por doutores
Ou senhores mandachuvas de poder.

Na tevê os oportunistas discursavam,
Mencionando massacrados do sistema,
Não moviam no entanto palha alguma
Pra mudar tão cruel realidade.

Odiento, se sentiu qual fosse um mártir,
Foi levando uma vida nada honesta
E tornou-se tão mau como a engrenagem,
Insensível, violento, impiedoso.

Ostentava relógios, muitas jóias,
Aramamentos, amantes, namoradas,
Divulgava seus atos de coragem,
Se sentia um herói dos tristes guetos.

Mas um dia foi achado numa esquina,
Sem a vida e de um jeito horripilante:
O sistema clandestino o não ouvira,
Outro mundo pra falar não sei se há.

2012

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