Eu poderia contentar-me porque tenho Estela em minhas noites
E amanhecer os dias com vontade de cantar,
Como se Estela não vivesse a me cortar o peito,
Como se Estela me fizesse feliz como um passarinho solto.
Eu poderia fugir com Estela pra bem longe da cidade
E sentir junto dela o aroma bom do mato,
Como se Estela fosse qual menina que pulasse amarelinha,
Como se Estela fosse apenas simples e bonita
Como as tardes mansas nos roçados verdes.
Como se Estela usasse um vestido de flores pequeninas
E tons desmaiados, sobre a pele fresca.
Como se Estela viesse de um poema arcádico,
Como se Estela fosse a própria flor do campo.
Eu poderia acarinhar Estela sem dizer qualquer palavra,
Como se, deleitada, nada mais quisesse Estela;
Como se Estela fosse como uma felina mansa,
Como se Estela fosse bonita simplesmente.
Eu poderia apenas proteger Estela em meu abraço,
Como se Estela murmurasse o meu nome entre os lábios carnudos,
Quando a solidão se apresentasse nas noites silentes
E nas tardes em que a chuva açoitasse os vidros da janela.
Como se Estela me quisesse como ao vento que afaga o corpo nu nas noites de verão.
Como se Estela fosse suplicante, fosse minha de verdade.
Eu poderia me abrigar da verdade escondendo o rosto no peito de Estela,
Mas eu prefiro fugir a Estela e ao seu encanto frio de serpente,
A me consumir sozinho na escuridão do quarto fechado.
1994
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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domingo, 30 de setembro de 2007
O SENTIMENTO SUBLIME
O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...
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Vem, mulher, pra mim, que eu te faço Uns versos tão mansinhos e cálidos, Que, mais do que musa, Vênus te sentirás. Vem pra mim por inte...
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Quero fazer um poema que seja só não-amor. Que não seja canto, mas silêncio; que não seja perdão, mas ódio calado, velado e mudo. Qu...
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Quero te fazer um poema co’a delicadeza de quem toca harpa, Co’a mansidão de quem dedilha violão. Quero versejar para ti assim como quem t...