Negra, hoje, a manhã cantou alegre
ao passares por teu negro,
sob o sol, toda formosa,
e, ao passares, tão viçosa
e tão viva, e tão bela,
percebi, eras o sol.
Quando passas, me arrebatas,
porque bebo tua imagem,
tua imagem me extasia,
teu olhar me hipnotiza,
pois teus olhos são os olhos
imantados da serpente.
Tuas formas, que me atiçam
são tal como a primavera
assanhando a própria vida.
Os teus olhos me conduzem
à mais doce das quimeras,
e eu te quero como a planta
quer a água, o ar, o sol.
1990