Venho pelas ruas , paro um instante numa praça,
Fico a mirar a estátua erguida a um calhorda:
Tanto busto, tanta estátua... tanta homenagem a tanto calhorda.
Tanta gente cultuando tantos gélidos assassinos,
Que mataram tanta gente, devastaram tanta coisa
Por ganância e sordidez.
Tantas palmas tantos batem aos discursos de tantos patifes,
Que decidem nossos rumos, nos condenam à pobreza,
À miséria, ao infortúnio, à tristeza e aos infernos.
São canalhas travestidos de reis da magnitude;
Atos banais transformados em façanhas as mais elevadas;
Sacanagens mascaradas de atos da mais alta grandeza.
Olho a estátua com olhos incrédulos e expressão cansada,
Porém, um assombro vem a mim quando constato:
Deus, como são longas as pernas da mentira!
1994
Revisto e modificado em 2017
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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domingo, 30 de setembro de 2007
O SENTIMENTO SUBLIME
O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...
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Vem, mulher, pra mim, que eu te faço Uns versos tão mansinhos e cálidos, Que, mais do que musa, Vênus te sentirás. Vem pra mim por inte...
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Quero fazer um poema que seja só não-amor. Que não seja canto, mas silêncio; que não seja perdão, mas ódio calado, velado e mudo. Qu...
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Quero te fazer um poema co’a delicadeza de quem toca harpa, Co’a mansidão de quem dedilha violão. Quero versejar para ti assim como quem t...