Por que Maria Marta é tão tristonha,
se o sol doura a janela desbotada
onde a moça, tão bonita, se debruça
para olhar os arbustos do jardim?
Por que Maria Marta é tão tristonha,
se, ao despir-se ante o espelho prateado,
faz que surja a figura de uma ninfa,
de Afrodite, de uma fada camponesa?
Por que Maria Marta é tão tristonha,
se, de noite, maravilhas povoam os seus sonhos
de lugares distantes, diferentes,
de cidades agitadas e lotadas?
Por que Maria Marta é tão tristonha,
se em seu canto o tempo passa lentamente,
tão sem pressa, que dá tempo de sonhar,
ver cavalos, potros, éguas a pastar.
Por que Maria Marta é tão tristonha,
se as manhãs são de relvas orvalhadas
e nas tardes chuvas mansas sempre banham
sua pele morena de veludo?
Poderiam os seus sonhos de terras tão longínquas,
por não terem simplesmente acontecido,
a fazerem tão calada e tão soturna,
de tristeza tão profunda e suplicante
que se estampa tão flagrante em seu olhar?
1996
Revisto e modificado em 2012
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