domingo, 30 de setembro de 2007

NEGRO CENÁRIO

Não me diga asneiras, não conte mentiras:
Não existe praia com gente morena,
Não existe aurora e nem sol que brilhe
E que se derrame sobre as paisagens.

Só há a procissão dos infortunados
Indagando suplicante ao infinito:
“Meu Deus, por quê?”
Só há a prostração dos arruinados,
Só há o semblante dos desolados,
Só há a eterna noite de inverno
Sobre os becos mudos e desertos;
E o ar que há é abafadiço
E incomoda e apoquenta;
E os sons que há são cantos tristes
Como o lamento dos cães uivantes.

1982