sábado, 8 de setembro de 2007

O TEMPO

O Tempo
Que pouco
A pouco
Faz velho o que antes
Foi novo;
O Tempo, insensível,
Que risca
Nos rostos,
Contorna nos corpos
A marca indelével
De sua presença...


O Tempo,
Que aplaca
Os anseios,
Que os doma e os torna
Vontades serenas
Ou sonhos sepultos...


O Tempo, infalível,
Que abranda as dores
Até extingui-las.
Que deixa perdidos
Violentos amores
Em cantos remotos,
Atrás de si próprio.


O Tempo, tão rude,
Tão frio e tão cru,
Insensível a tudo,
Traz morte e traz vida,
Traz era após era,
Mudando cenários,
Incapaz de saudade,
Qualquer nostalgia
Ou fio de lágrima...


O Tempo, invulnerável, imbatível,
Ereto, hercúleo,
Egoísta, impassível,
Apenas toca seu rumo incessante,
E nada há que o comova,
Que pare ou reduza
A velocidade devastadora do tempo.


II



O tempo passou e os meus sonhos ficaram para trás;
Os meus projetos ficaram para trás,
Todo eu fiquei para trás,
Perdido, tentando, já sem forças
E já sem vontade,
Correr atrás do tempo.


Minhas aspirações e utopias caducaram,
Eu próprio fiquei caduco, lá atrás, bem na cauda do tempo.


O tempo de ser feliz se foi e eu o perdi.
Agora deixarei apenas que o tempo me vá pouco a pouco desintegrando,
Eu, coisa vã, obscura, esquecida, perdida
No tempo...
No tempo.

1996

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