Desolada essa paisagem:
é o mangue negro e podre,
os casebres de madeira
com remendos e cupins.
É o choro dos lactentes,
é a fome, o desespero,
é a morte e é a doença,
as vorazes ratazanas.
São os rostos sem esperança,
as crianças que não sonham,
as navalhas dos meninos,
que adolescem odientos,
cujos peitos petrificam.
É essa gente favelada,
tão sozinha, abandonada,
renegada, espezinhada,
ao inferno condenada.
Que poema é então possível
sobre toda essa miséria,
o infortúnio que consterna,
esse inferno que revolta?
1994
"PÉS NO CHÃO E POESIA" tem esse título porque em primeira análise minha poesia é incrédula, mas reúne poemas que às vezes se antagonizam pelo fato de alguns se pejarem da crueza calcada na realidade dos dias, enquanto outros têm a doçura dos anseios da meninice, além dos que encaram a dureza do cotidiano num protesto contra ela ou mesmo numa linguagem lírica que tenta cobri-la com adorno poético. Acesse meu canal no Youtube: https://youtube.com/@demostenesbaraodamata880?si=l1cgAhBMX48XRGYU
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domingo, 30 de setembro de 2007
O SENTIMENTO SUBLIME
O sentimento sublime que trago em meu meu candente é como se tudo florasse, se a aurora fosse constante e a noite, tão linda de estrelas, ...
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Vem, mulher, pra mim, que eu te faço Uns versos tão mansinhos e cálidos, Que, mais do que musa, Vênus te sentirás. Vem pra mim por inte...
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Quero fazer um poema que seja só não-amor. Que não seja canto, mas silêncio; que não seja perdão, mas ódio calado, velado e mudo. Qu...
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Quero te fazer um poema co’a delicadeza de quem toca harpa, Co’a mansidão de quem dedilha violão. Quero versejar para ti assim como quem t...